O governo israelita tem sido alvo de fortes pressões internacionais para evitar o agravamento da já trágica situação humanitária em Gaza, com uma nova intervenção militar. E sucedem-se os apelos no sentido de Israel dar passos tendentes à existência na região de dois estados, o israelita e o palestiniano.
No passado domingo o governo de Israel rejeitou, por unanimidade, um estado palestiniano “imposto unilateralmente a Israel”. Esta é, claro, a posição intransigente de Netanyahu, que desde sempre rejeitou a solução dos dois estados.
Assim, “Israel rejeita totalmente o diktat internacional”, um acordo com os palestinianos “deveria ser conseguido apenas por negociações diretas entre as partes, sem condições prévias”. Acresce que, hoje, no governo israelita têm lugar partidos religiosos extremistas, ainda mais hostis aos palestinianos do que Netanyahu.
Não parece, assim, possível avançar no sentido da paz com este governo israelita. Antes da presente crise registaram-se em Israel fortes movimentos de contestação a Netanyahu. O agravamento do conflito com os palestinianos suspendeu as manifestações.
A Netanyahu interessam duas coisas: manter-se à frente do governo e fomentar um clima de conflito com os palestinianos. Por isso não lhe convém medidas tendentes a estabelecer a paz. Manter-se chefe do governo é, até, uma maneira de atrasar o processo judicial em que ele é acusado de corrupção.
Ou seja, não vale a pena alimentar ilusões de que, com Netanyahu no poder, será possível encetar caminhos de entendimento que levem à paz no Médio Oriente. Já parecem recomeçar os protestos e as manifestações de milhares de israelitas contra o seu atual chefe de governo. E a popularidade de Netanyahu tem caído. Esperemos que os cidadãos de Israel nos tragam melhores dias.