O antigo jogador e treinador alemão, duas vezes vencedor da Bola de Ouro, Franz Beckenbauer morreu esta segunda-feira, aos 78 anos, confirmou a família à agência de notícias alemã DPA.
O estado de saúde do antigo defesa e médio já gerava preocupação. Segundo a imprensa alemã, Beckenbauer atravessava "altos e baixos constantes" e a sua saúde sofrera "uma deterioração significativa", sem perspetivas de melhoras, a nível da consciência e da memória.
Franz Beckenbauer começou a carreira no Bayern de Munique, em 1963/64, clube que representou durante 14 temporadas - um total de 584 jogos, com 74 golos marcados -, até rumar ao New York Cosmos, dos Estados Unidos, onde partilhou balneário com Pelé.
Ao serviço dos bávaros, conquistou quatro Bundesligas, quatro Taças da Alemanha, uma Taça Intercontinental, uma Taça das Taças e três Ligas dos Campeões. Com o Cosmos, foi três vezes campeão dos EUA.
Depois de quatro anos com os norte-americanos, regressou à Alemanha, para jogar, por dois anos, no Hamburgo - com que ainda conseguiu vencer um campeonato alemão -, antes de voltar aos EUA para a última época da carreira, novamente em Nova Iorque, em 1983.
O inventor do líbero moderno
Internacional em 103 ocasiões, com 14 golos, Franz Beckenbauer fica ligado a uma das gerações de ouro da Alemanha, com a conquista do Euro 1972 e do Mundial 1974 - dobradinha inédita -, juntamente com lendas como Sepp Maier, Uli Hoeness, Jupp Heynckes ou Gerd Muller.
O "Kaiser" ficou conhecido como o inventor do líbero moderno, interventivo a nível ofensivo, que revolucionou o futebol.
Beckenbauer também era uma lenda como treinador. Foi selecionador alemão entre 1984 e 1990 e levou a "Mannschaft" à conquista do Mundial 1990. No ano seguinte, rumou ao Marselha, com que foi campeão francês, e depois assumiu o comando do Bayern, com que conquistou uma Bundesliga e uma Taça UEFA (a atual Liga Europa).
É um de apenas três homens que venceram o Campeonato do Mundo como jogador e treinador. O primeiro foi o brasileiro Mario Zagallo (1958 e 1962, depois 1970), que morreu no sábado, e o último o francês Didier Deschamps (1998 e 2018), ainda ao comando da seleção francesa.
Controvérsias como dirigente
Franz Beckenbauer fez, ainda, carreira como dirigente. Foi vice-presidente da Federação Alemã entre 1998 e 2002 e presidente do Bayern de 1993 a 2007. Durante esse período, os bávaros foram nove vezes campeões alemães e venceram uma Taça UEFA e uma Champions.
Foi também como dirigente, contudo, que surgiram as polémicas.
Em junho de 2014, Beckenbauer foi banido por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA de toda a atividade relacionada com o futebol, por, alegadamente, se ter recusado a cooperar com uma investigação relacionada com suspeitas de corrupção relativamente à atribuição dos Mundiais 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respetivamente.
Em 2016, o Comité de Ética também abriu um processo disciplinar a Beckenbauer, no âmbito de uma investigação à atribuição do Mundial 2006 à Alemanha. Apesar de terem surgido suspeitas de pagamentos indevidos, o caso prescreveu e teve de ser arquivado em 2021.