Chama-se “Plantas Nativas na Cidade – Repensar os espaços verdes urbanos” e tem como objetivo melhorar o conhecimento e o estado de conservação do património natural e da biodiversidade da região.
O projeto de conservação de gestão do património natural é desenvolvido em colaboração com a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), a empresa Sigmetum, produtora de espécies nativas e vários municípios da região, contando, para o efeito, com uma equipa multidisciplinar liderada por investigadores da Universidade de Évora (UÉ).
“A utilização de recursos vegetais próprios apresenta diversas vantagens e permite aumentar a resiliência e sustentabilidade dos nossos espaços verdes, o que é especialmente pertinente na realidade atual de intensificação das alterações climáticas”, justifica Carla Pinto Cruz, a professora do Departamento de Biologia e investigadora do Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) da UÉ, que lidera o projeto.
Os responsáveis pretendem “aplicar um modelo de desenvolvimento, gestão e valorização de territórios com um elevado capital natural, com funções paisagísticas urbanas indispensáveis ao bem-estar e qualidade de vida das pessoas que habitam a cidade e respetivas zonas periurbanas”, indica a academia alentejana, em comunicado enviado à Renascença.
O projeto já está a ser desenvolvido na cidade de Évora, mas a sua aplicação estende-se, por agora, também aos municípios de Montemor-o-Novo, Estremoz, Mourão e Redondo.
Na prática, incide na requalificação de diversos espaços verdes, atualmente dominados por espécies exóticas. Entre as espécies nativas que estão a ser usadas nesses espaços verdes, contam-se, a título de exemplo, “o Sargaço (Cistus monspeliensis), a Roselha-grande (Cistus albidus), o Rosmaninho (Lavandula pedunculata), o Pilriteiro (Crataegus monogyna) ou a Gilbardeira (Ruscus aculeatus)”, revela a instituição.
A iniciativa compreende também uma componente de sensibilização, com a realização de diversas ações junto dos cidadãos e de técnicos de várias organizações e entidades ligadas aos territórios abrangidos.
“O projeto tem um enorme potencial de replicação não só nos 14 municípios do Alentejo Central, mas em todo o continente”, sublinha, por seu lado, Teresa Batista.
Esta responsável da CIMAC assegura que o mesmo “responde ao delineado no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas no Alentejo Central (PIAAC-AC) elaborado em 2018”, que aponta medidas para a racionalização do uso dos recursos hídricos e a manutenção da biodiversidade, “em especial no Alentejo, mas em todas as áreas do Mediterrâneo”.
É, precisamente, nesta zona do Mediterrâneo, que se espera, “até ao final do século”, recorda a também docente da UÉ, “o agravamento das condições de seca e o aumento de fenómenos extremos, como chuvas torrenciais e ondas de calor”, daí que o uso das espécies autóctones nas zonas verdes urbanas se “afigure como a solução adequada, pois tratam-se de espécies adaptadas e mais resilientes a condições extremas e com menores necessidades de irrigação”.
No âmbito desta iniciativa, prevê-se, ainda a realização de “workshops para capacitação dos profissionais dos municípios do Alentejo Central e serão produzidos materiais técnicos e didáticos que contribuam para a divulgação, sustentabilidade e replicação deste tipo de iniciativas”.
O projeto “Plantas Nativas na Cidade – Repensar os espaços verdes urbanos” é financiado em cerca de 38 mil euros pelo Fundo Ambiental e insere-se no Programa de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, do Ministério do Ambiente.