O Governador do Banco de Portugal considera que “é imperdoável” se não se fizer todos os esforços para reduzir a dívida pública e o défice, face à inversão do ciclo de juros baixos do Banco Central Europeu (BCE), ao mesmo tempo que se executam os fundos europeus nos próximos anos.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, Mário Centeno alerta que é este o único caminho “porque não conseguimos fazer o que as políticas europeias finalmente perceberam que tinha de ser a resposta à crise pandémica – como, do ponto de vista europeu, terá um efeito muito negativo no próximo round de debate sobre políticas para o futuro”.
Segundo o antigo ministro das Finanças, a política monetária está em mudança de ciclo e, neste contexto, reduzir o endividamento é “a melhor forma de o país se continuar a preparar para essa mudança de ciclo na política monetária”.
Na quarta-feira, numa conferência organizada pelo “Jornal de Negócios”, Mário Centeno disse que o défice orçamental referente a 2021 deverá fica abaixo dos 3%.
O Governador do Banco de Portugal disse ainda que “a dívida pública recuou em 2021 para os 127% do PIB e, em termos nominais, caiu em 2021, o que, notem, acontece pela primeira vez desde 1948”.
Em janeiro, em plena campanha eleitoral, o ministro das Finanças João Leão adiantava que o défice de 2021 iria ficar abaixo dos estimados 4,3%.