A Câmara dos Representantes votou esta quarta-feira para destituir Donald Trump.
O Presidente torna-se assim o único na história dos Estados Unidos a perder um voto de destituição duas vezes no mesmo mandato, na Câmara dos Representantes.
Da primeira vez o processo foi travado no Senado e agora ainda falta dar esse passo, o que possivelmente não acontecerá antes de terminar o seu mandato, mas o voto é altamente simbólico em todo o caso.
De particular significado é o facto de pelo menos 10 republicanos terem votado a favor da destituição. Na última vez que houve este processo nem um membro do partido de Donald Trump votou ao lado dos democratas.
"Penso que este é um daqueles votos que transcende qualquer implicação política do momento. Este é um daqueles para os quais vamos olhar para trás quando tivermos 80 anos. Eu não vejo o futuro. Não sei o que é que isto vai significar para mim politicamente, mas estou em paz", disse o representante republicano Adam Kizinger. Nunca um Presidente foi destituído com tantos votos dos membros do seu próprio partido.
A votação final foi de 232 votos a favor e 197 contra.
O processo de destituição funda-se na 25ª emenda - que nunca tinha sido invocada - que prevê a remoção de um Presidente por incapacidade e foi espoletado pela invasão do Capitólio na semana passada por apoiantes de Trump, depois de este os ter instigado a resistir à certificação da eleição de Joe Biden que decorria no Congresso. Os congressistas concluíram que o Presidente é culpado de "incitar à insurreição".
A invasão do Capitólio resultou em cinco mortos diretos, incluindo um polícia. Desde o dia do ataque outras duas pessoas, incluindo outro polícia, suicidaram-se.
A votação seguiu-se a horas de debate em que se ouviram argumentos a favor e contra a destituição. Muitos democratas e alguns republicanos defenderam que o papel desempenhado por Trump justificava a sua destituição. Do outro lado ninguém defendeu o seu comportamento mas alguns republicanos afirmaram que este processo não tinha nada a ver com os eventos do Capitólio, mas sim com uma antipatia para com Trump. Mais do que um republicanos assinalou a incongruência de ter havido membros do Partido Democrata, incluindo membros do Congresso, a apelar à insurreição durante os motins do verão e que não foram censurados pelo seu partido.
Alguns republicanos criticaram duramente Donald Trump mas não concordaram com detalhes do processo que hoje foi a votação.
Para que a destituição se confirme é preciso agora a votação passar também no senado. Há dúvidas de que isso aconteça, porém, uma vez que o debate poderá nem sequer ser agendado antes de acabar o mandato de Donald Trump, no dia 20 de janeiro.
[Notícia atualizada às 21h45]