A Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP) considerou, esta quarta-feira, que os condicionamentos à circulação automóvel no centro de Lisboa podem ter “sérias e graves consequências para as atividades económicas”, propondo medidas para minorar os impactos.
“A Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), enquanto representante das atividades económicas existentes na zona da Baixa/Chiado, lamenta a decisão tomada pela edilidade lisboeta relativamente à alteração de trânsito, que alegadamente será devida às diversas obras em curso na cidade”, lê-se numa nota enviada à Lusa.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apresentou na terça-feira uma “5.ª Circular” imaginária, de Alcântara ao Parque das Nações, como alternativa para a circulação automóvel na Baixa da cidade, que estará condicionada a partir de 26 de abril devido a várias obras.
Entre as obras que vão condicionar a circulação automóvel estão a expansão do Metro de Lisboa, a realização do Plano de Drenagem, para evitar situações de cheias na capital, a reabilitação da rede de saneamento e a repavimentação de vias, obras que já estão a condicionar o trânsito nas imediações da Rua da Prata e da Alameda Infante D. Henrique, respetivamente.
Entre as medidas de condicionamento de trânsito na Baixa está a proibição de acesso a veículos com mais de 3,5 toneladas entre as 8h00 e as 20h00, quer sejam viaturas para abastecimento de estabelecimentos comerciais ou autocarros de transporte turístico, medida que o município deverá manter mesmo depois de as obras acabarem.
A exceção a esta regra serão os autocarros dos transportes públicos, como os da Carris.
Contudo, para a ADBP estas medidas poderão vir a ter “sérias e graves consequências para as atividades económicas, principalmente, para as mais recentes e mais ligadas ao esforço de reabilitação urbana, ocorrida nos últimos anos, nesta parte da cidade, nomeadamente no que concerne à hotelaria e à restauração”.
Por isso, a associação propõe um conjunto de medidas para minorar os impactos, como o alargamento do horário de cargas e descargas a veículos com mais 3,5 toneladas, já que o período proposto “irá impor aos fornecedores e às atividades económicas, um significativo aumento de custos, nomeadamente, em termos de pessoal”.
A ADBP defende igualmente a criação de uma zona a sul, para cargas e descargas de veículos com mais 3,5 toneladas que funcione 24 horas por dia “e com um período máximo de 45 minutos”, considerando que “a par da localização de lugares de estacionamento a Norte – Rossio, terá que existir uma área semelhante na parte Sul da Zona da Baixa/Chiado”, para que servia as atividades económicas dessa área.
A “melhoria significativa” dos transportes públicos na zona da Baixa/Chiado é outra das medidas defendidas pela associação, que apela a “um forte investimento” no setor, para tornar a deslocação dos consumidores rápida e eficiente.
“Não é possível que um consumidor tenha que esperar 15 minutos entre composições de metro para se deslocar do Cais do Sodré para a Baixa/Chiado, ou uma hora de autocarro de Campo de Ourique para a Baixa, etc”, alerta a associação.
A associação propõe também a manutenção do acesso de veículos ligeiros particulares aos parques de estacionamento dos Restauradores, Praça da Figueira, Praça do Município, Largo da Boa Hora e Chiado, o alargamento do número de postos de carregamento para veículos elétricos e o fim de “todos e quaisquer lugares de estacionamento à superfície para instituições do Estado, a começar pelos da Câmara Municipal de Lisboa”.
“Não basta ser, é preciso parecer e dar o exemplo e este terá que vir de cima, sob pena de ser se como S. Tomé”, considera a associação.
Hoje, a Associação Valorização do Chiado já tinha considerado que os condicionamentos à circulação automóvel na baixa lisboeta, a partir de 26 de abril, devido a obras, vão ter um impacto negativo, quer para moradores, quer para comerciantes e empresas.