Este domingo, o secretário-geral do PCP apelou ao reforço do partido para melhorar as condições de vida dos portugueses, considerando que o “caminho em curso não serve o país” e que é preciso “romper com a política de direita”.
“A melhoria das condições de vida e um Portugal desenvolvido e soberano estão profundamente ligados ao reforço do PCP. Isto hoje é uma evidência de cada vez mais gente”, afirmou Paulo Raimundo.
O líder comunista discursava numa sessão evocativa do centenário do nascimento do artista e militante do partido José Dias Coelho, que morreu em 1961, assassinado pela PIDE (a polícia política do regime do Estado Novo).
Na iniciativa, que decorreu na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Paulo Raimundo considerou que “o desafio de hoje é o de romper com a política de direita e construir a alternativa patriótica e de esquerda, respeitadora e concretizadora dos valores de Abril”.
“É esta a necessidade do país que se prova todos os dias quando se avolumam os problemas, se agravam as condições de vida dos trabalhadores e do povo no seu direito à saúde, à educação, à habitação, à cultura, quando crescem os estrangulamentos e se agudizam os problemas de fundo nacionais, os seus défices estruturais e sua dependência a todos os níveis”, defendeu.
E apontou que “aí estão a precariedade, os baixos salários, as baixas pensões de reforma, o aumento do custo de vida, aí está o aumento dos lucros dos grupos económicos, aí estão as injustiças e as desigualdades sociais”.
“O país precisa, mais do que nunca, de uma política e um Governo assente na mobilização e participação dos trabalhadores e das massas populares. O PCP é o portador da alternativa e é hoje, tal como no passado, o elemento fundamental da unidade dos democratas, a alternativa que faz frente à política de direita e aos projetos reacionários e trauliteiros que vão sendo promovidos”, salientou o secretário-geral.
Paulo Raimundo afirmou que, “cem anos depois do nascimento de José Dias Coelho e perante a evidência que o caminho em curso não serve o país”, a questão que se coloca atualmente é saber se se deve “deixar o comando da vida coletiva, tal como está em curso hoje, nas mãos dos grupos económicos, ou tomar nas próprias mãos, nas mãos do povo e do país, o destino das nossas vidas”.
José Dias Coelho nasceu em 19 de junho de 1923 em Pinhel, no distrito da Guarda. Foi escultor, desenhador e pintor. Aderiu ao PCP em 1947, tendo sido funcionário clandestino do partido, e integrou a direção comunista em Lisboa, com responsabilidade pelo setor intelectual.
José Afonso homenageou-o na canção “A morte saiu à rua”.
“A vida de José Dias Coelho é um exemplo de dedicação, de coragem, de entrega à causa dos trabalhadores e do povo que nos honram e guardamos para sempre como património da nossa luta coletiva e da luta do nosso povo”, destacou o secretário-geral do PCP na sua intervenção.
Paulo Raimundo considerou igualmente que o artista e militante comunista “é bem exemplo da importância do trabalho coletivo, da disciplina e disponibilidade revolucionária, dos que aceitaram trocar uma vida cheia de promissoras expectativas e perspetivas profissionais para garantir, a partir da vida clandestina, o derrubamento do fascismo e a defesa dos interesses do nosso povo”.