Cerca de meia centena de trabalhadores da administração local concentraram-se este sábado, em Viseu, onde decorria uma iniciativa da Associação Nacional de municípios Portugueses (ANMP), para exigir aumentos salariais e a correção da Tabela Remuneratória Única.
Representantes do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL) entregaram uma carta reivindicativa com "soluções imediatas" à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que encerrou os trabalhos do Encontro Nacional de Autarcas, em Viseu.
Numa curta conversa com os manifestantes, a ministra da Coesão Territorial prometeu levar a mensagem ao Governo e mostrou disponibilidade em reunir-se com os trabalhadores caso seja necessário.
"O conjunto de medidas que foram recentemente anunciadas pelo Governo deixam mais um vez de fora os trabalhadores da administração pública, que estão numa situação completamente dramática", disse à agência Lusa o presidente do STAL, José Correia.
A estrutura sindical lembrou que o Governo previu uma inflação de 7,4%, no final de 2022, sendo que, o valor de referência para a atualização salarial na administração pública será de 2%.
"Para este ano tivemos [uma atualização salarial] 0,9%, numa taxa de inflação que já ultrapassou bastante os 7%. O primeiro-ministro, a única explicação que tem, é que há o perigo de provocar uma espiral inflacionista", explicou. .
"Quando não há inflação, os salários ficam na mesma. Quando há uma inflação brutal, os salários têm de ficar na mesma, porque podem provocar uma inflação ainda maior", ironizou o dirigente, salientando que o STAL não aceita este argumento que é de "politica intelectualmente desonesta".
De acordo com a carta, desde 2009, os trabalhadores perderam em média 15,4% do seu poder de compra e, com a atual inflação a "bater o recorde de 9,1%", viram os salários atualizados apenas em 0,9%.
"É absolutamente insustentável. Os trabalhadores da administração pública, neste contexto de enorme dificuldade para todos, não podem continuar a ser os parentes pobres, aqueles para os quais nunca há solução, e que no limite se diz que não podem ser aumentados, porque vão provocar mais inflação no país", acrescentou.
Os trabalhadores reivindicam um aumento salarial de 90 euros para todos, a subida do salário mínimo nacional para 800 euros no imediato e do subsídio de refeição para 7,50 euros, assim como a correção da Tabela Remuneratória Única.
O STAL defende ainda que a contribuição para a ADSE passe a ser de 12 meses, eliminando o desconto no subsídio de natal, a taxação dos lucros aos grandes grupos económicos, bem como o tabelamento dos preços dos bens essenciais, sobretudo alimentação e a energias.