"Corrupção moral". Talibãs queimam instrumentos musicais
31-07-2023 - 13:17
 • Renascença

Regime talibã impõe fortes restrições à música na vida pública, o que já levou vários artistas a fugir do Afeganistão.

Os talibãs queimaram no passado sábado vários instrumentos musicais em Herat, a terceira cidade mais populosa do Afeganistão, sob a justificação de que a música "causa corrupção moral".

Milhares de dólares em equipamento musical, incluindo uma guitarra, uma harmónica e uma tala, além de amplificadores de som e colunas, foram deitados à fogueira, segundo imagens partilhadas na internet e pelo Ministério para a Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício. Vários desses instrumentos foram apreendidos em salões de casamento.

Quando os talibãs tomaram o poder no Afeganistão nos anos 1990, todas as formas de música foram banidas de encontros sociais, televisão e rádio. Desde que retomaram o poder, em 2021, os talibãs impuseram várias restrições à vida pública, incluindo, novamente, na música, o que levou vários artistas musicais a fugirem do país.

De acordo com a estação televisiva afegã TOLOnews, que oferece oposição ao regime talibã, muitos músicos que permaneceram no país têm sido sujeitos a espancamentos e discriminação.

O fundador do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, Ahmad Sarmast, acusa os talibãs de "genocídio cultural e vandalismo musical".

"Foi negada a liberdade artística ao povo do Afeganistão. A queima de instrumentos musicais em Herat é apenas um pequeno exemplo do genocídio cultural que está a acontecer no Afeganistão sob a liderança dos talibãs", disse, em declarações à BBC.

As mulheres são dos grupos mais afetados pelo regime talibã no Afeganistão. Estão obrigadas a vestir-se de forma a revelar apenas os olhos e têm de ser acompanhadas por um parente homem se viajarem mais de 72 quilómetros, as adolescentes foram proibidas de entrar em salas de aula (escolas e universidades), ginásios e parques, e na semana passada os talibãs encerraram todos os salões de beleza e cabeleireiros, por serem "não-islâmicos".