Pablo Iglesias, do Podemos, e Pedro Sanchez, do PSOE (Partido Socialista) no Parlamento, encontraram-se esta terça-feira para negociar um “Governo de cooperação” – a solução que ambos consideram a melhor maneira de superar o impasse político em Espanha.
"Para nós, o nome é o menos. O importante é o conteúdo" desse acordo, afirmou Pablo Iglésias, que defende a inclusão de membros do Unidas Podemos nesse executivo, possibilidade que os socialistas têm recusado, preferindo apenas o seu apoio parlamentar.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião entre Sánchez e Iglesias, a porta-voz socialista, Adriana Lastra, assegurou que "não se falou de nomes" e preferiu realçar que o futuro executivo deve ser "plural, aberto e integrador".
A soma do PSOE (123) e do Unidas Podemos (42) fica 11 votos aquém da maioria absoluta (176) necessária para que Pedro Sánchez seja investido como primeiro-ministro à primeira volta no Parlamento.
Sánchez terá por isso preciso negociar o apoio de outros partidos ou, na pior das hipóteses, a sua abstenção numa segunda volta, quando apenas precisar da maioria dos votos expressos.
Esta tarde, Pedro Sánchez tem encontros com os líderes do Partido Popular (direita), Pablo Casado, e Cidadãos (direita liberal), Albert Rivera, que deverão informá-lo de que não pode contar com o seu apoio nem com a sua abstenção para formar Governo.
Na quarta e na quinta-feira, o PSOE vai continuar a ronda de conversações com outros partidos de menor dimensão parlamentar.
O rei espanhol, Felipe VI, anunciou na passada quinta-feira que Pedro Sánchez era candidato a ser investido, o que deverá acontecer ainda antes de agosto, consoante o resultado das conversações, principalmente com o Unidas Podemos.
"A alternativa a uma investidura viável é a repetição de eleições; a alternativa a um Governo socialista é obrigar os espanhóis a voltarem a votar, e que não haja dúvidas que as urnas também têm memória", afirmou no último fim de semana o responsável pela "máquina" do PSOE, José Luís Ábalos, acenando com o fantasma de eleições para pressionar os restantes partidos.
Nas legislativas realizadas em 28 de abril último, os socialistas foram o partido mais votado, com quase 29% dos votos, mas outros quatro partidos tiveram mais de 10%, acentuando a grande fragmentação política do país.
O PSOE tem 123 deputados eleitos (28,68% dos votos), o PP (direita) 66 (16,70%), o Cidadãos (direita liberal) 57 (15,86%), a coligação Unidas Podemos (extrema-esquerda) 42 (14,31%), o Vox (extrema-direita) 24 (10,26%), tendo os restantes sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.