O primeiro-ministro israelita voltou a ser interrogado esta terça-feira pelos investigadores que inquirem sobre um caso de corrupção em que alegadamente está envolvido, informou a polícia.
Esta foi a 11.ª vez que Benjamin Netanyahu é interrogado pela polícia, em vários casos em que está envolvido, seja como testemunha ou suspeito.
“O primeiro-ministro foi interrogado hoje (terça-feira) durante várias horas na sua residência, no quadro de um inquérito conduzido pela unidade nacional de luta contra a fraude e os crimes graves e a comissão de controlo dos valores mobiliários”, adiantou a polícia, em comunicado.
No texto não se revela a causa do interrogatório, mas a comunicação social israelita mencionou um caso de alegada corrupção implicando o operador local de telecomunicações Bezeq e o seu principal acionista, Shaul Elovitch.
No mês passado, Netanyahu foi interrogado como testemunha no quadro de um inquérito sobre um caso de alegada corrupção relacionada com a compra de três submarinos alemães. Neste caso, não é considerado suspeito, mas vários dos seus colaboradores já foram interrogados várias vezes.
Num outro caso, a sua esposa Sara Netanyahu está s ser investigada, desde 21 de junho, por presumível “fraude” e “abuso de confiança”, por ter pago com dinheiro público refeições no valor de cem mil dólares (85 mil euros).
A procuradoria recomendou em fevereiro a acusação do primeiro-ministro em dois inquéritos: um relativo a prendas que teria recebido indevidamente de personalidades abastadas; outro, a um acordo secreto que ele teria tentado realizar com o dono de um jornal popular para passar a ter uma cobertura favorável.
O procurador-geral deve revelar as suas decisões nos próximos meses e reanimar as especulações sobre o futuro de Netanyahu.
Na terça-feira de manhã, os seus advogados dirigiram uma carta ao procurador-geral afirmando que o antigo chefe da brigada antifraude, que conduziu as investigações envolvendo os Netanyahu até à sua transferência para outro departamento em janeiro, tinha um preconceito contra os Netanyahu.
Os advogados Yaakov Weinroth e Yossi Cohen escreveram que aquele agente, Roni Ritman, estava persuadido que o casal estava na origem de uma queixa por assédio sexual apresentada contra si por uma mulher-polícia.
O caso contra Ritman acabou por ser fechado, mas a carta dos advogados, consultada pela AFP, afirma que o agente ficou desde então com má vontade contra Sara e Benjamin Netanyahu.
No caso Bezeq, a polícia quer saber se Netanyahu tentou garantir uma cobertura favorável por parte do sítio noticioso Walla em contrapartida de favores governamentais, que poderiam ter propiciado centenas de milhões de dólares a Bezeq, segundo a imprensa.
Em comunicado, o porta-voz pessoal de Netanyahu garantiu que o chefe do governo não tinha feito nada disto de que era acusado.
“O primeiro-ministro nunca fez qualquer acordo com Elovitch, em troca de uma cobertura favorável”, disse. “Ao contrário, durante anos, o primeiro-ministro teve uma cobertura sistematicamente hostil por parte do Walla”.
Acrescentou ainda que todas as decisões que tinha tomado relativas ao Bezeq tinha sido sugeridas por profissionais, incluindo a autoridade encarregada da proteção da concorrência, o conselho dos satélites e o assessor jurídico do Ministério das Comunicações.
Netanyahu totaliza mais de 12 anos como primeiro-ministro, função que cumpre pela segunda vez. Foi ministro das Comunicações, entre novembro de 2014 e fevereiro de 2017, período que cobre a campanha eleitoral das eleições legislativas de março de 2015, quando teria sido feito o acordo com Elovitch.
Netanyahu proclama a sua inocência, denuncia uma “caça às bruxas” e expressa a sua firme intenção de permanecer no cargo. Ele não é obrigado a demitir-se se não for acusado.