Em novembro há eleições intercalares para o Congresso dos Estados Unidos. E em Nova Iorque o partido Democrata vai ter um nome novo, literalmente.
Alexandria Ocasio-Cortez tem 28 anos, é filha de uma porto-riquenha e de um norte-americano do Bronx e conseguiu nas primárias do partido derrotar Joe Crowley, um dos democratas mais influentes do país que estava há 10 mandatos na Câmara dos Representantes.
A surpresa de Alexandria, ao conhecer os resultados da noite eleitoral, foi grande e o próprio país ainda está a processar este triunfo. Venceu com mais de 57% dos votos. “Não é suposto mulheres como eu concorrerem ao Governo”, disse aos jornalistas.
Há um ano Alexandria Ocasio-Cortez trabalhava num bar em Manhattan e chegou a acumular dois empregos para evitar que a mãe fosse despejada.
Licenciou-se em economia e relações internacionais na universidade de Boston. O bichinho da política entrou-lhe cedo no corpo. Fez parte do staff do senador Ted Kennedy e participou na campanha presidencial de Bernie Sanders de 2016.
Na campanha lutou por um serviço nacional de saúde alargado, uma escola pública para todos e defende a política do "emprego universal". É contra a Agência de Controlo de Imigração (ICE) e a lei de separação de imigrantes e defende uma política de dignidade a nível económico, social e racial para todas as classes trabalhadoras.
Gastou 1/10 do dinheiro do seu opositor na campanha (pouco mais de 300 mil dólares contra mais de 3,3 milhões), mas a campanha porta-a-porta parece ter dado resultado.
Em entrevista à CNN, Alexandria Ocasio-Cortez diz que venceu as primárias democratas porque acredita que tinha “uma mensagem muito clara, fomos bater a portas que nunca tinham sido batidas, falámos com comunidades que são habitualmente desvalorizadas e essas pessoas responderam”.
Considera que o seu partido, se quiser vencer as intercalares de novembro e as presidenciais de 2020, “tem de chegar aos jovens, a pessoas que não votam, a zonas maioritariamente de cor, onde o inglês é a segunda língua, a pessoas que têm dois empregos”.
Já na MSNBC, Alexandria Ocasio-Cortez lembrou que começou a corrida eleitoral há "nove meses só com um saco de papel com panfletos". "Concorri porque achei que a nossa mensagem podia ser melhor, o nosso partido podia ser melhor, o nosso país pode ser melhor".
"Temos de ter uma visão, um plano, em que as pessoas acreditem", acrescenta. "Temos de mostrar o que propomos ao povo americano e não só mostrar aquilo contra quem estamos a lutar".
A corrida eleitoral "parecia impossível de vencer até há três meses", mas "as dificuldades não devem impedir-nos de tentar", referiu.
Joe Crowley, o candidato derrotado, considerado o número 4 do partido a nível nacional, assumiu a derrota e já garantiu que vai votar em Alexandria Ocasio-Cortez.
Por sua vez, Nancy Pelosi, líder do partido democrata, nega divergências internas e garante que esta vitória é o sinal da “vitalidade do partido”.
Nesta entrevista à CNN, Alexandria deixou pistas para o futuro: quer vencer as intercalares, apoiará, sem reservas, o candidato democrata às presidenciais de 2020 e apoia o impecheament a Trump porque “ninguém está acima da lei”.
Se vencer as eleições, Alexandria Ocasio-Cortez será, aos 29 anos, a mais jovem a chegar ao congresso.