“A inquietação é muita, mas a esperança é maior.” Começa assim a carta que José Saramago e Pilar del Rio escreveram ao escritor brasileiro Jorge Amado, a 18 de maio de 1993, desejando rápidas melhoras ao autor e amigo. A missiva, que chegou ao Brasil via fax, integra agora parte do espólio que a Fundação José Saramago entregou esta quinta-feira à Biblioteca Nacional de Portugal.
Em comunicado, a Fundação indica que esta entrega dá “continuidade ao processo de doação do espólio de José Saramago à Biblioteca Nacional de Portugal”. Este novo lote, que seguiu em diferentes caixas, inclui, entre outras coisas, “notas preparatórias para os livros ‘Memorial do Convento’, ‘A Jangada de Pedra’ ou ‘A Segunda Vida de Francisco de Assis’.
Estes documentos, que serão posteriormente “disponibilizados a todos os que pretendam consultá-los”, diz a Fundação Saramago, integram também “diários de viagem e correspondência” com escritores como Jorge de Sena, Jorge Amado, Carlos Fuentes e Urbano Tavares Rodrigues, entre outros autores.
“Em 1998, José Saramago doou à instituição alguns documentos, como o original do romance ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’ cadernos preparatórios para o romance e o diploma do Prémio Nobel”, explica o mesmo comunicado.
O processo de doação do espólio do escritor teve início em dezembro de 2016. José Saramago tinha morrido seis anos antes, a 18 de junho de 2010, aos 87 anos. Vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1998, Saramago quis que o seu espólio não saísse de Portugal. Vai agora integrar o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, criado em 1981 onde estão também documentos de escritores como Eça de Queirós, Almeida Garrett, Fernando Pessoa ou Camilo Pessanha.