O Presidente “exorbitou” os seus poderes e Marcelo tem revelado “demagogia e populismo”. As críticas são de Simões Ilharco, um jornalista reformado que colabora com o PS, mas adquirem peso político por serem publicadas na edição desta quarta-feira do “Acção Socialista”, o órgão oficial do PS.
A edição do jornal – que já só tem versão digital e é dirigido por Edite Estrela – é, em grande parte, dedicada ao pós-incêndios, com vários artigos sobre a reconstrução, ao apoio a empresas e à “nova visão” do Governo para o território nacional. Também há artigos sobre o orçamento que “transmite confiança”.
A página de opinião é ocupada por Simões Ilharco, que escreve sobre “o fracasso da moção de censura do CDS”, que considera não ter passado de “um tiro de pólvora seca”. Mas a maior parte do texto é dedicado a criticar o Presidente da República.
Primeiro, por ter reclamado publicamente a demissão de um ministro e a remodelação do Governo. “Marcelo exorbitou, claramente, os seus poderes constitucionais”, lê-se no jornal socialista à mistura com receios sobre a subversão do semi-presidencialismo.
“A esquerda deve estar unida e coesa para impedir esta caminhada preocupante e perigosa, combatendo a tentação presidencialista de Marcelo, que ameaça a democracia. E o presidencialismo, é bom ter presente, descamba, por vezes, em ditadura”, continua o articulista, para quem o Presidente “parece querer assumir-se como homem providencial, como salvador da Pátria”.
No mesmo artigo, lê-se ainda que a moção de censura funcionou como uma autêntica moção de confiança e respondeu ao Presidente que tinha pedido uma clarificação a PCP e Bloco de Esquerda.