Um assunto cada vez mais na ordem do dia, até porque basta estar atento às notícias. Há várias zonas do planeta onde é possível encontrar ilhas flutuantes enormes constituídas por resíduos de plástico.
O problema não está no uso do plástico. Está naquilo que lhe fazemos na hora de o deitar ao lixo. E, ao que parece, deitar as garrafas e outros objetos plásticos no ecoponto já não é suficiente.
Dos 480 mil milhões de garrafas de plástico vendidas em todo o mundo em 2016, menos de metade foi reciclada. E apenas 7% foram transformadas novamente em plástico.
Os outros 93% permanecem indefinidamente em aterros sanitários ou lixeiras a céu aberto. E daí acabam por chegar aos rios e aos mares: oito milhões de toneladas. É esta a quantidade de plástico que dá a volta ao mundo dos oceanos.
Com números assim, não há razão para ficarmos muito admirados, ou até indignados, quando pisamos o areal da nossa praia favorita e vemos palhinhas, tampas, garrafas, isqueiros.
Mas nem todo o plástico é devolvido à procedência e o que lá fica depositado no mar passa a fazer parte do dia a dia dos peixes que, mais cedo ou mais tarde, virão parar ao nosso prato.
Não é novidade para si, nem para mim. Entre tantas substâncias pouco recomendáveis para a nossa dieta, sim, estamos a comer plástico e não é pouco.
Um estudo da universidade canadiana de British Columbia estima que um ser humano ingere entre 70 mil e 121 mil partículas de microplásticos por ano.
E isto é agora, porque, até 2050, os oceanos terão mais peso em plástico do que em peixes.
Não vale a pena assobiar para o lado. A culpa é nossa.
Talvez porque, no nosso dia a dia, não é costume passar-nos pela cabeça que a água cobre 71% da superfície terrestre e que os oceanos são o principal suporte de vida do planeta.
Os oceanos absorvem 30% do dióxido de carbono produzido pela espécie humana, constituindo assim uma peça decisiva no combate ao aquecimento global.
Por isso, se não tem planos para o seu fim de semana, vá lá, pegue nos seus filhos ou nos seus amigos e vá à praia apanhar plástico.
É como limpar a sua própria casa.
Afinal, a Terra é a casa que partilhamos. E não andamos a portar-nos lá muito bem.