A polícia alemã deteve presumíveis espiões russos por suspeita de planearem ações de sabotagem na Alemanha, contra instalações militares dos EUA. A informação foi avançada pela revista Der Spiegel, que cita fontes dos serviços de segurança.
As autoridades realizaram buscas nas casas e locais de trabalho dos dois suspeitos, com dupla nacionalidade alemã e russa, que são acusados de trabalhar para um serviço secreto estrangeiro.
O principal suspeito é um cidadão russo-alemão de 39 anos, que a revista alemã Der Spiegel identifica como Dieter S., e que, desde outubro de 2023, discutia possíveis ataques com uma pessoa ligada aos serviços secretos russos. As autoridades descreveram os planos como um esforço sério para minar o apoio militar à Ucrânia.
Dieter S. estava preparado para avançar com ataques bombistas contra instalações militares, incluindo as operadas pelas forças norte-americanas, tendo até tirado fotografias e feito vídeos de transportes e equipamentos militares, segundo explicaram os procuradores. Uma segunda pessoa, Alexander J., começou a ajudá-lo com os planos.
De acordo com a revista Spiegel, as instalações incluíam a base militar de Grafenwoehr, na Baviera, onde os soldados ucranianos recebem formação para utilizar os tanques Abrams dos EUA.
Os procuradores suspeitam que Dieter S. foi combatente das forças apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia entre dezembro de 2014 e setembro de 2016, na autoproclamada República Popular de Donetsk.
A Alemanha tornou-se um dos maiores fornecedores de ajuda militar à Ucrânia e, segundo as autoridades, é um dos principais alvos das operações de espionagem russas. Num outro caso, um oficial da agência de aquisições militares da Alemanha foi acusado de tentar passar informações secretas aos serviços secretos russos.
"Nunca podemos aceitar que tais atividades de espionagem tenham lugar na Alemanha", disse esta quinta-feira o chanceler alemão, Olaf Scholz.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, afirmou a Alemanha não permitirá "que Putin traga o seu terror para a Alemanha" e que as suspeitas de está a "recrutar agentes nossos para levar a cabo ataques em solo alemão são extremamente graves".
A embaixada russa na Alemanha rejeitou as acusações do "envolvimento dos serviços especiais russos" e classificou este incidente como uma "provocação" e considerou não haver qualquer ligação dos detidos à Rússia.