Em quatro meses de funcionamento, o Grupo VITA recebeu 56 denúncias de abusos sexuais contra crianças e adultos vulneráveis na Igreja Católica portuguesa.
Em comunicado enviado à Renascença, a coordenadora, Rute Agulhas, anunciou também, esta sexta-feira, a realização de várias formações junto de estruturas eclesiásticas.
De acordo com a coordenadora e psicóloga, a maioria das 56 situações denunciadas "estão a ser sinalizadas para as entidades competentes, para que decorram os respetivos processos de investigação, canónicos e civis".
Em agosto, Rute Agulhas sublinhou que "mais de 30 vítimas" tinham dado o "consentimento informado para prosseguir com a informação para as autoridades competentes para posterior procedimento canónico e civil".
Na altura, 20 vítimas estavam a ser encaminhadas para apoio psicológico e psiquiátrico junto dos profissionais que integram a bolsa de especialistas do Grupo VITA.
O grupo anunciou, em comunicado, que vai levar a cabo, entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024, seis módulos de formação junto das comissões diocesanas de proteção de menores e adultos vulneráveis, assim como cinco ações para os institutos religiosos.
Este sábado, o Grupo VITA vai estar em Fátima para "colaborar na capacitação nacional de formadores do Escutismo Movimento Seguro", mas sublinha que "o Corpo Nacional de Escutas tem já um amplo trabalho desenvolvido nesta área".
Através de "ações de replicação", o Grupo VITA vai formar "agentes formativos" para que estes possam assumir o papel de formadores, "replicando ações de formação no contexto onde intervêm". Esta formação vai ser "aprofundada" em 2024, ano em que se iniciam ações específicas para catequistas e professores de Educação Moral e Religiosa Católica.
Formações para advogados e professores
Por outro lado, a estrutura criada pela Conferência Episcopal Portuguesa "tem também agendadas ações de sensibilização (dirigidas a advogados e a docentes das escolas católicas, em articulação com a Ordem dos Advogados e a Associação Portuguesa de Escolas Católicas, respetivamente) e de capacitação (dirigidas a técnicos diversos, em articulação com a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade)".
Criado em abril, o Grupo VITA é uma estrutura isenta, autónoma e independente da Igreja Católica, e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica, numa lógica de intervenção sistémica.
O VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, disponível no site www.grupovita.pt.