A porta-voz do PS acusou este sábado o presidente do PSD, Rui Rio, de "total ausência de propostas para o país" e afirmou esperar que os sociais-democratas venham a "contribuir para um bom Orçamento do Estado" para 2019.
Maria Antónia Almeida Santos falava em declarações aos jornalistas, na sede nacional do PS, em Lisboa, em reação ao discurso do presidente do PSD, Rui Rio, este sábado à tarde, na Festa do Pontal, em Loulé, no Algarve.
"O que realça da intervenção que hoje fez no convívio do PSD é a total ausência de propostas para o país. Para quem diz que coloca Portugal à frente do seu próprio partido, a intervenção que hoje fez é a completa antítese desse princípio", considerou.
A porta-voz da Comissão Permanente do PS sustentou que "a principal preocupação do doutor Rui Rio é ainda ganhar o seu próprio partido", e que por isso "o cerne do seu discurso foi virado para dentro, para as questões internas", ressalvando: "Obviamente que esse assunto não nos merece nenhum comentário".
"Depois da desilusão de hoje e da total ausência, repito, de propostas, esperamos sinceramente que o PSD inverta este vazio de ideias, de propostas, e que possa a breve prazo contribuir para um bom Orçamento do Estado para o próximo ano", acrescentou.
Discurso para dentro, atira o PS
Em resposta a questões dos jornalistas, a deputada e dirigente nacional socialista insistiu neste ponto: "Foi evidente que, de facto, [Rui Rio] está ainda virado para dentro. Faço votos para que o PSD possa vir a debate já agora no próximo Orçamento do Estado e possa contribuir de forma substancial para melhorarmos ainda mais o cenário em que nos movemos todos neste país e com tão bons resultados que temos conseguido até agora, que são para continuar".
"Temos alguma dificuldade em perceber qual é a alternativa que o doutor Rui Rio propõe para o país", reforçou.
No discurso que fez na Festa do Pontal, o presidente do PSD desvalorizou a ideia lançada pelo primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, de um incentivo fiscal para o regresso de emigrantes, admitindo que a intenção possa ser boa, mas alegando que "não vale a pena, os portugueses não regressam" por pagarem menos IRS e que a solução passa por "empregos decentes e salários decentes".
Sobre este tema, Maria Antónia Almeida Santos disse que o PS e o próprio secretário-geral têm consciência de que a criação de um incentivo fiscal não é condição suficiente para o regresso de emigrantes, mas contestou a posição de Rui Rio: "É mais um incentivo para que as pessoas regressem, é mais um contributo, acrescenta, não diminui. Portanto, não percebo o alcance dessa crítica".
"E o senhor primeiro-ministro já anunciou que os detalhes da medida vão ser conhecidos e que a medida pode ser aperfeiçoada", referiu.
A porta-voz do PS foi também questionada sobre o período em que o presidente do PSD esteve sem agenda pública no mês de agosto, mas recusou comentar esse assunto: "Não comento. O sentido de oportunidade de Rui Rio é dele".
Por outro lado, lamentou que, na intervenção de hoje, Rui Rio não tenha falado sobre os resultados orçamentais, a criação de emprego, o aumento do rendimento das famílias e a descida da taxa de desemprego.
A atual solução de Governo, segundo a dirigente socialista, "se calhar não faz sentido para o doutor Rui Rio, mas para o país e para o PS faz sentido", porque "está a dar resultados".
"É uma solução para continuar", declarou.
Quanto à afirmação do líder do PSD de que o Governo tem dois discursos contraditórios, um do ministro das Finanças para a Europa e outro do primeiro-ministro para o PCP e o Bloco de Esquerda, Maria Antónia Almeida Santos contrapôs que ambos têm "discursos para os portugueses".