“Não vejo a hora de ir ao vosso encontro”, disse o Papa a Myanmar e Bangladesh, os dois países que Francisco visita nestes dias.
É uma viagem às periferias do mundo, a dois países extremamente pobres, tão pobres, que nem garantem a transmissão em directo das principais etapas desta visita histórica.
Em Myanmar (antiga Birmânia), com 91% de budistas, os católicos são apenas 1,2% e no Bangladesh, com 98% de muçulmanos, a percentagem dos católicos ainda é menor, com apenas 0,2%.
Em ambos os países, o cristianismo chegou através dos portugueses do séc. XVII, mas a sua presença está circunscrita a algumas aldeias.
Nestas terras, a vida das minorias religiosas não é fácil. Talvez por isso, a agenda do Papa inclui, em ambos os países, significativos encontros com os jovens católicos.
Esta preferência de Francisco pelos “pequeninos” e “esquecidos” também trouxe dores de cabeça às autoridades locais. Não só com a precariedade das comunicações, mas também em Myanmar com as dificuldades em conceder os vistos de entrada a jornalistas estrangeiros.
O regime militar só autorizou a entrada aos jornalistas acreditados pelo Vaticano, mas não aceitou qualquer tipo de transmissão em directo dos encontros mais significativos relacionados com as autoridades e os líderes budistas.
No “olho do furacão” está o drama da minoria rohingya, expulsos violentamente do seu território de origem, para o país vizinho, Bangladesh, onde se encontram em condições deploráveis e espalhados por vários campos de refugiados. Uma forte pressão vaticana terá levado nestes dias o governo a aceitar o seu regresso e o próprio general, chefe do regime, aceitou um encontro privado com o Papa, que inicialmente não estava previsto.
Protagonista destes esforços de diálogo é também o arcebispo de Yangon, o cardeal Charles Bo, que gosta sempre de recordar a ligação da sua identidade católica á fé dos portugueses.
A viagem decorre entre 26 de Novembro e 2 de Dezembro.
A Renascença com o Papa em Myanmar e no Bangladesh. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.