O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta quinta-feira que a economia portuguesa cresceu 2,1% em 2018, menos 0,7 pontos percentuais do que o registado no ano anterior e abaixo da previsão do Governo, que apontava para um crescimento de 2,3%.
O INE divulgou hoje o destaque das Contas Nacionais Trimestrais relativas a 2018, depois de ter revelado, na estimativa rápida publicada em 14 de fevereiro, que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,1% no ano passado face a 2017.
Nessa estimativa rápida, o INE já apontava que “esta evolução resultou do contributo mais negativo da procura externa líquida, verificando-se uma desaceleração das exportações de bens e serviços mais acentuada que a das importações de bens e serviços, e do contributo positivo menos intenso da procura interna, refletindo o crescimento menos acentuado do Investimento”.
A informação divulgada pelo INE ficou em linha com as estimativas dos analistas contactados pela Lusa, que anteciparam um crescimento da economia de 2,1% em 2018.
Os dados do INE também mostraram que o PIB, em termos homólogos, aumentou 1,7% em volume no quarto trimestre de 2018 (2,1% no trimestre anterior) e, face ao terceiro trimestre, avançou 0,4% (depois da expansão de 0,3% em cadeia no trimestre anterior).
O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, atribuiu, na altura, à greve dos estivadores o aumento do PIB de 2,1% em 2018, abaixo da meta inscrita no Orçamento, de 2,3%.
“É possível que uma parte da explicação esteja no comportamento das exportações no final do ano, devido à greve dos estivadores no Porto de Setúbal, que teve um impacto nos meses de novembro e dezembro” de 2018, afirmou o governante em conferência de imprensa em Lisboa, no dia em que o INE divulgou a estimativa rápida.
O Governo antecipou uma expansão de 2,3% do PIB em 2018, mais otimista do que a previsão da Comissão Europeia, de 2,1%, e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 2,2%.
Para 2019, o executivo espera uma expansão da economia de 2,2%.
Governo desvaloriza arrefecimento
Em declarações aos jornalistas na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa desvalorizou o arrefecimento da economia, dizendo que a estratégia do Governo já foi desenhada a pensar num eventual cenário de desaceleração dos dados no segundo período da legislatura e ressaltando que o investimento continua a ter bons números.
"Ninguém ignora que há ciclos económicos", sublinhou o chefe do executivo. "Quando apresentámos o programa de Governo em 2015, antecipámos que seguramente 2018 e 2019 teriam um ritmo de crescimento inferior ao de 2017, e por isso também programámos o ciclo das políticas para responder positivamente a estas necessidades. E felizmente vamos para o terceiro ano consecutivo em que estamos a subir acima da média europeia e em que o nível de investimento privado continua a surgir com muita força."
Costa congratulou-se ainda pela redução dos números do desemprego também divulgada hoje pelo INE.
"Infelizmente continuamos a crescer a um ritmo menos veloz do que há dois anos, mas acima da média europeia, e é isso que nos vai conseguir permitir continuar a ter bons resultados. E como hoje o INE veio confirmar, revendo em baixa a redução do desemprego, podemos dizer que já superámos uma meta muito importante que era a criação de 350 mil novos postos de trabalho, e isto é o mais importante de tudo, porque quanto mais emprego houver, melhor é a economia de cada família e de cada um dos portugueses e é nesse sentido que temos de continuar a trabalhar."