Cientistas da UCoimbra usam tecnologia para tratar do lixo marinho no Japão
08-09-2023 - 13:23
 • Lusa

As diretrizes relativas à monitorização do lixo marinho nas praias japonesas vão ser debatidas por um grupo de peritos internacionais, numa reunião organizada pelo Ministério do Ambiente do Japão (MOEJ), em Tóquio.

Dois especialistas da Universidade de Coimbra (UC) vão apoiar no combate ao lixo marinho no Japão através de drones e inteligência artificial (IA), desenvolvidos no projeto "UAS4Litter", revelou esta sexta-feira a instituição de ensino superior.

De acordo com a UC, é a segunda reunião que junta o grupo Smart Marine Litter Remote Sensing Technology (SmartMLRST) e que visa atingir os objetivos traçados na cimeira do G20, realizada em 2019 sob a égide da "Visão do Oceano Azul de Osaka", e que tem como meta, até 2050, reduzir a zero a poluição causada pelo lixo marinho, incluindo plásticos.

A definição das diretrizes para a monitorização do lixo marinho, através de tecnologias de deteção remota, vai permitir "a padronização dos métodos a utilizar na monitorização, disponibilizando dados comparáveis sobre a atual distribuição, quantificação e composição do lixo, incluindo plásticos em ambiente marinho, os quais são essenciais na implementação de medidas de mitigação", disse, citado no comunicado, o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC-Coimbra), Gil Gonçalves.

De acordo com o outro membro da SmartMLRST, também investigador no INESC-Coimbra, Umberto Andriolo, o papel do grupo passa "pela partilha e transferência de conhecimento adquirido", no âmbito do projeto UAS4Litter, com vista à "definição das diretrizes relativas à monitorização do lixo marinho das praias da costa japonesa, recorrendo a drones e IA".

O UAS4Litter foi um projeto de investigação "inovador ao desenvolver, implementar e testar um quadro de referência (framework) baseado em drones de baixo custo para a deteção, identificação e mapeamento do lixo marinho em sistemas praia-duna", apontou.

Segundo a dupla da FCTUC, "voando um drone equipado com uma câmara digital (RGB e/ou multiespectral), a uma altitude de 20 metros, a "framework" proposta engloba a geração de dois produtos geoespaciais para permitir estudar a dinâmica do lixo marinho, assim como a deteção e identificação do lixo em ortomosaicos (ou imagens) utilizando métodos manuais e automáticos baseados em IA, a produção de mapas de lixo marinho que podem servir também na otimização de operações de limpeza e a integração da morfologia das praias e dunas e forças ambientais (ondas, maré e vento), para caracterizar a abundância e dinâmica do lixo marinho nos sistemas costeiros".

Na reunião, além da padronização das diretrizes a adotar na monitorização do lixo marinho com tecnologias de deteção remota, vai ser analisada cada uma das tecnologias disponíveis, designadamente o satélite, avião, balão, "webcams" e "smartphones".

No entanto, será dado um destaque especial para a tecnologia drone, visto que constitui "uma das ferramentas mais promissoras na monitorização dos itens de lixo marinho, com dimensões superiores a 2,5 centímetros, nas praias e zonas costeiras".

À semelhança deste acordo com o MOEJ, o protocolo desenvolvido no âmbito do projeto UAS4Litter foi também apresentado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), que o pretende implementar na monitorização do lixo marinho nas áreas costeiras de Guarajá, no Brasil.