O debate quinzenal no Parlamento arrancou em tom ríspido entre o primeiro-ministro e o líder da oposição, António Costa, na intervenção inicial fez um balanço dos primeiros seis meses do Governo considerando que, apesar das dificuldades, o caminho que tem sido feito está a ser positivo.
"A cada dificuldade, mostrámos capacidade de a vencer. É essa resiliência que está a tornar possível virar a página da austeridade e que abre caminho para fazer de Portugal um país mais desenvolvido, mais justo e mais igual", acrescentou Costa.
Na resposta, Pedro Passos Coelho atacou o rumo da governação considerando que "os resultados estão à vista". "O desemprego aumentou e o investimento caiu", atirou Passos. O presidente do PSD trouxe depois ao debate a questão das eventuais sanções que a Europa quer aplicar a Portugal por ter sido ultrapassado os 3% de défice em 2015.
"Porque é que no meio de tanto enleio se fala de sanções a Portugal", questionou. Costa tomou da palavra e respondeu de imediato: "fala-se de sanções porque em 2015 Portugal não cumpriu as metas".
Costa aconselhou depois Passos a ter "coerência" e "humildade em falar dos resultado económicos dos outros".
“Em 2011 os senhores acreditaram e quiseram implementar a teoria da austeridade expansionista: quanto mais austeridade, mais a economia cresceria”, mas o que se verificou, defendeu Costa, foi o contrário.
O primeiro-ministro apontou que o desemprego registado diminuiu 2,1% face a Março do ano passado e afirmou: “aquilo que não vendemos é ilusões”. “Não escondemos falsos empregos nos quais se desperdiçaram milhões de euros para disfarçar a estatística”, acusou, numa referência aos contratos de inserção, que o Governo anunciou esta semana que iria cortar.
Passos Coelho apressou-se a responder: “Ficamos a saber que o primeiro-ministro considera que havia 48 mil falsos empregos e que desapareceram por vontade do Governo”.
António Costa aproveitou depois para assinalar a “postura construtiva” que o Governo tem assumido com a Zona Euro. A Grécia entrou no debate, com Passos Coelho a questionar o Governo sobre se teria aprovado o novo pacote de austeridade para o país e a comentar ironicamente: “Fico a saber que quando o Governo socialista aprova programas de austeridade para a Grécia, está a ajudar, quando o anterior Governo o fazia, estava a prejudicar”.