O bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, considera que a divulgação da declaração das virtudes heróicas de D. António Barroso, antigo titular da diocese é "uma bênção de Deus e um serviço à Igreja”.
Numa nota publicada esta quarta-feira, D. António Francisco dos Santos diz que a declaração "constitui um passo determinante rumo à beatificação e canonização" de D. António Barroso (1854-1918), que foi bispo do Porto de 1899 até à sua morte.
O bispo do Porto afirma que o texto do decreto da Congregação para as Causas dos Santos “oferece um belíssimo testemunho de santidade de D. António Barroso”, que mereceu “o reconhecimento da Igreja e a aprovação dada pelo Papa Francisco à declaração pública das suas virtudes heroicas”.
D. António sublinha que “esta é a hora de agradecermos a Deus a bênção que nos concedeu com a vida e pelo ministério episcopal de D. António Barroso”, concretamente “no serviço da Igreja do Porto, depois de um longo percurso pastoral que o levou a Angola, a Moçambique e a Meliapor, na Índia”.
O bispo reforça a convicção de que “esta é a hora de continuarmos a trabalhar e a rezar pela canonização de D. António Barroso”.
“Entregou a sua vida na defesa da sociedade e da Igreja”
O padre José Adílio Macedo, autor de uma biografia do antigo bispo do Porto, diz à Renascença que D. António Barroso “foi um homem muito humano”, “muito influente” e “muito ilustrativo”.
José Adílio Macedo conta que D. António Barroso fez uma “extraordinária” acção pastoral no Porto, não só, mas também enquanto bispo, durante 19 anos. destacou-se durante o período da implantação da República, defendendo sempre a Igreja e a sociedade.
O bispo Barroso foi um homem “influente em todos os sentidos” que “entregou a sua vida na defesa da sociedade e da Igreja”, facto "muito importante para os tempos que se vão seguindo”.
Bispo missionário
O Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heroicas” de D. António Barroso a 17 de Junho. A aprovação é um momento central do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade.
António José de Sousa Barroso nasceu em Barcelos a 5 de Novembro de 1854 e faleceu a 31 de Agosto de 1918. Formou-se no Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim, entre 1873 e 1879.
Ordenado sacerdote missionário em 20 de Setembro de 1879, foi missionário no Congo, Angola, de 1880 a 1891. Foi bispo missionário em Moçambique, de 1891 a 1897, e em Meliapor, na Índia, de 1897 a 1899, antes de assumir a Diocese do Porto.
O prelado destacou-se como missionário, ficando célebre pela forma como lutou contra a perseguição feita à Igreja Católica por Afonso Costa, na sequência da implantação da República Portuguesa.
Em Março de 2015, D. António Francisco dos Santos encerrou os processos canónicos de inquérito a duas curas miraculosas atribuídas à intercessão de Sílvia Cardoso e D. António Barroso, cujas conclusões seguiram para Roma.
A aprovação de um milagre é agora o passo necessário para a proclamação destas figuras da Igreja Católica como beatos.
[notícia actualizada às 15h15, com declarações do padre José Adílio Macedo]