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De Lourenço Marques, Moçambique dos anos 40, à glória planetária. Eusébio, o Pantera Negra, representa-se a si próprio num filme de 1973, do espanhol Juan de Orduña.
E é nesse filme que descobrimos “Eusébio Miúdo e Senhor”, cantado por Vum-Vum, um dos mais conhecidos compositores angolanos dos anos 60. Será provavelmente a música mais antiga sobre Eusébio.
Eusébio será dos jogadores portugueses mais cantados pela música. E há de tudo, para todos os gostos.
É, por exemplo, cantado por uma figura conhecida no meio do Benfica: Paulo Parreira e os Possuídos (uma banda reconhecida pelo clube).
O “Pantera Negra” é uma música infantil, do também benfiquista Miguel Gameiro, inlcuido no álbum "Sou Benfiquista desde pequenino", de 2010.
"Subiu os colarinhos
Preparou-se para entrar
Olhos postos na baliza
Já ninguem o vai parar
Os outros estão com medo
Sabem quem é a Pantera
Que aparece de repente
Meio homem meio fera
Conhecido mundo fora
Diz o avô que assim foi
Que até tinha poderes
De um grande super-herói
Na hora de marcar golo
Nunca lhe faltava o jeito
Seu nome Eusébio
A Pantera de águia ao peito
Pantera negra. Pantera! Pantera negra. Pantera!
És o nosso grande herói"
Mas se pensa que apenas no universo do Benfica se eleva Eusébio a canção, aqui está um exemplo para contrariar a tendência.
É dos Retro Stefenson, uma banda islandesa (!). E este “Eusébio”, de 2010, canta: "Paciência é a chave para a alquimia vibrante".
Nem sempre a música se dedica a homenagear os jogadores no seu tempo, muitos tributos são tardios.
Mas no caso de Eusébio, é logo em 1966, que a banda do momento, os Sheiks, lhe dedica uma canção.
Paulo de Carvalho conta-nos que a música foi gravada sem a colaboração de Carlos Mendes e a convite da editora Valentim de Carvalho.
A ideia surge a propósito da euforia em volta da selecção depois do Mundial de Inglaterra. Eusébio conduziu Portugal a um surpreendente e inédito 3º lugar.
Ainda nos anos 60, o Conjunto sem Nome, um dos mais antigos
conjuntos portugueses de musica pré-ié-ié, inspira-se no menisco do Eusébio e
nas muitas lesões que debilitaram o seu joelho esquerdo.
O Joelho do Eusébio
"O joelho do Eusébio
Fez o mundo estremecer
Mas o eusebio tem joelho
Ainda para dar e vender
O joelho do Eusébio
Da para a defesa mais rude
E o menisco do Eusébio
É o menisco da saúde"
De volta para o século XXI. Em 2016 Eusébio ganha forma de musical, que a Renascença apoiou.
Veja a reportagem do Renato Duarte nos bastidores do espectáculo.
Pelé, contemporâneo de Eusébio, apostou na música, como é sabido. Marcou 1.200 golos, diz que terá composto 500 cantigas. (ouça aqui o Som de Bola sobre a relação do jogador brasileiro com a música)
Já Eusébio tem uma conta mais modesta, de cerca de 800 golos. E seria bom cantor? Não há registos.
Mas Rui Veloso conta uma história, com mais de 20 anos. Uma noite num restaurante de Lisboa, afina uma guitarra e começa a tocar uma música de que Eusébio gostava. E assim, de repente, vê-se a tocar para o seu primeiro ídolo, que cantou e dançou também este “Irmã África”.
E é no disco de estreia do guitarrista Rui Carvalho – nome artístico: Filho da Mãe – que voltamos a ouvir Eusébio de toda uma outra forma. Em “Palácio”, evoca-nos o Pantera Negra. E é de 2011, este "Eusébio no Deserto", um instrumental para o mais musicado dos jogadores portugueses.
Na imagem em cima: Eusébio compra discos numa loja em Harlow, em 1968, antes da final europeia entre Benfica e Manchester United. Na mão tem o clássico de Otis Redding, "Sittin' on the Dock of the Bay". Foto: DR
"Som de Bola", por Maria João Cunha (jornalista) e Paulo Teixeira (sonorização). Arquivo Renascença: Ana Isabel Almeida. Ilustração: Ricardo Fortunato
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