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A semana infernal. Portugal já tem metade da área ardida na Europa

A semana infernal. Portugal já tem metade da área ardida na Europa

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12 ago, 2016 - 19:08 • Ricardo Vieira

Desde o início do ano incêndios já consumiram o equivalente a dez cidades de Lisboa. Além da mancha verde perdida, quatro pessoas morreram. Resumo de uma semana que o país quer esquecer.

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Imagens aéreas mostram destruição na Madeira após incêndios
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Noventa e três mil hectares arderam em Portugal desde o início do ano, quase metade da área consumida pelo fogo em toda a União Europeia (UE). Os últimos sete dias foram particularmente severos, com 87 mil hectares ardidos desde 5 de Agosto.

Portugal destaca-se pela negativa nos dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS, na sigla inglesa), que contabiliza a área ardida em tempo real através de imagens de satélite.

Desde o início do ano, 190 mil hectares arderam em toda a UE e Portugal tem o indesejado título de campeão neste "ranking", com 93.111 hectares até esta sexta-feira. A título de exemplo, é um número que equivale a 93 mil campos de futebol ou a dez cidades de Lisboa e 22 cidades do Porto.

Até 5 de Agosto, Portugal tinha apenas 5.490 hectares de área ardida.

O Norte do país e a Madeira foram as zonas mais devastadas pelos incêndios dos últimos dias. Além da mancha verde perdida, quatro pessoas morreram, três na Madeira e uma em Ferreira do Zêzere. Mil ficaram desalojadas no Funchal, muitas aldeias tiveram de ser evacuadas e os prejuízos são na ordem dos muitos milhões de euros.

Madeira. Depois dos incêndios, a solidariedade
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De acordo com os dados do EFFIS, a comparação com a média dos últimos oito anos não é animadora. Até 12 de Agosto, a área ardida em Portugal é quase quatro vezes superior ao registo no mesmo período, entre os anos de 2008 e 2015.

Olhando para outros países da União Europeia, os 93 mil hectares de Portugal ultrapassam de longe Itália, com 28 mil; Espanha, com 23 mil; a Grécia, com 18,6 mil; e França, com 5,8 mil hectares.

No outro extremo da tabela estão países como a Alemanha, por exemplo, com 106 hectares de área ardida desde o início do ano, ainda assim com um aumento substancial em relação à média dos últimos anos.

As condições meteorológicas contribuíram para a propagação das chamas na última semana em Portugal. Temperaturas elevadas e ventos fortes a dificultarem muito o trabalho dos bombeiros e a colocarem as populações em sobressalto.

Muitos incêndios tiveram mão criminosa, como foi o caso do Funchal, em que um homem de 23 anos foi detido e já confessou ter ateado o fogo. Já tinha sido detido em 2011 pelo mesmo crime. As chamas deflagraram na zona alta do concelho, na segunda-feira à tarde, e propagaram-se até ao centro da cidade atingindo cerca de 200 habitações pelo caminho.

Entre o início do ano e a passada terça-feira, as autoridades portuguesas tinham detido 31 suspeitos de fogo posto. O perfil do incendiário está bem definido.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que é preciso “punir em conformidade” quem ateia fogos florestais, esperando que nova legislação ajude na “eficácia da justiça”, nos casos de incêndios com origem criminosa. Foi também lançada uma petição na internet a exigir a pena máxima para os incendiários.

É preciso “punir em conformidade” autores de fogo posto, diz Presidente
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A falta de meios para combater tantos incêndios também tem estado em cima da mesa, com a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, a lamentar a falta de solidariedade europeia e o primeiro-ministro, António Costa, a defender que "a União Europeia tem que ter noção que, porventura, temos que ter meios mais reforçados”.

O primeiro-ministro interrompeu as férias para acompanhar a situação dos incêndios. António Costa defende a necessidade de avançar, o mais rápido possível, com a reforma da floresta em Portugal e o Governo já criou um grupo de trabalho. “É uma prioridade política que terá de ser dada execução o mais rápido possível. A floresta deve ser uma fonte de riqueza e não uma ameaça às populações", afirma Costa.

O Governo quer tentar evitar a repetição do cenário desta última semana, em que foram registados mais de 300 incêndios por dia. De acordo com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), domingo, 7 de Agosto, foi o dia do ano mais ignições até então, com um total de 455 ocorrências, o equivalente a 19 por hora.

Turistas contam momentos de pânico na Madeira. "Só queríamos sair dali e fugir"
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Além da Madeira, o Continente foi atingido nos últimos dias por vários grandes incêndios, sobretudo no Norte, nos distritos de Viana do Castelo, Porto e Aveiro.

Arouca está em sobressalto desde o início da semana. As chamas deflagraram na segunda-feira, pelas 14h30, e quatro dias depois ainda continuam activas. Já ameaçaram casas e consumiram parte dos emblemáticos passadiços do Paiva, que já tinham ardido no ano passado. Esta sexta-feira, ainda tinha quatro frentes activas.

Ainda no distrito de Aveiro, mas em Anadia, um fogo com início na terça-feira continuava esta sexta-feira activo e a mobilizar 310 operacionais, 96 viaturas e quatro meios aéreos.

Mais a norte, em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, também se viveram dias dramáticos e chegou a ser activado o plano de emergência. O fogo começou na segunda-feira, várias aldeias foram evacuadas e só foi dominado na quinta-feira à noite.

Viana do Castelo também accionou o plano de emergência distrital para fazer face à vaga de incêndios, que obrigou à deslocação de meios de outras zonas do país.

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  • campeões!
    17 ago, 2016 Santarém 17:11
    Se somos uma pequena parcela da Europa e já temos metade da área ardida de toda essa Europa somos de facto uns campeões mas neste caso do desleixo e da incompetência, depois quando os outros nos exigem esforço fica muita gente ofendida porque se estão a intrometer em assuntos que não devem, quando se trata de pedir auxílio é segundo essas pessoas dever deles prestá-lo sem reclamações; simplesmente tudo isto vem demonstrar a que ponto chegou este país campeão do desleixo e devo recordar que no tempo do Salazar deveria certamente haver menos malandragem e mais patriotismo pois os meios eram muito mais escassos e os acessos também e nunca vi na minha região fogos da dimensão que hoje existem. Políticos e justiça em Outubro unam as mãos e debatam o assunto a sério sem sectarismos para ver se deixamos de ser a ovelha ranhosa desta Europa, estou certo que não o farão e só voltarão a falar de fogos para o ano seguinte quando isto estiver de novo num braseiro com os incendiários todos em atividade.
  • AB
    12 ago, 2016 Evora 22:54
    Metade da área ardida da Europa é criminosamente desproporcional. É evidente que é fogo posto adicionado de muita estupidez. Mesmo agora passei por um grupo de miúdos estacionados num parque à beira da estrada. Devem estar de regresso do Algarve, e faz-se a pausa recomendada, bebem-se umas minis...e fuma-se um cigarro. Acontece que logo a seguir ao parque está mato. Se os putos não tiverem a inteligência de apagar as beatas para dentro duma garrafa de água daqui a pouco está tudo a arder. Continuo também a enviar os meus parabéns ao imbecil da geringonça que disse que a situação este ano era mais benigna. Acha o quê? Que é a extrema direita que ateia fogos?
  • Saul
    12 ago, 2016 Bemposta 22:38
    2 dias depois de chegarem os grandes avioes o fogo esta sob controlo. Porque precisamos de esperar pela ajuda? Se tivessemos avioes destes, não haveria fogos assim. Deixaram o país a arder por 3 dias e só a ajuda dos marroquinos, espanhois, italianos e russos nos valeram Tenham vergonha e mandem as sucatas dos helis avariados à proveniencia e comprem é avioes de qualidade
  • Jorge
    12 ago, 2016 Conchinchina 22:00
    O que este governo tem a dizer ao povo, por ter acabado o contrato com os aviões de combate aos fogos ?
  • Luis
    12 ago, 2016 Lisboa 21:39
    O negocio dos incendios têm já muitos anos. Já que só agora é que se começa a querer admitir que por detrás dos incendios estão organizações terroristas bem organizadas impõe-se que a PGR inicie investigações serias e a serio pois tudo indica que andaram hibernados estes anos todos. Espera-se também que as investigações não demorem tanto tempo como as investigações do Socrates. Porque se assim for qualquer dia já não há mais nada para arder.
  • Pedro
    12 ago, 2016 Bencatel 21:38
    Grandes comentários, grandes comentadores, tristeza, só tristeza. Os governos e os governantes tudo pagam, para uns os anteriores para outros os actuais. Não vejo ninguém culpar os verdadeiros culpados, os proprietários das natas, esses e os incendiários, a base desta minha certeza é o que vejo por este país fora, matas por limpar, lixo pelas bermas da estrada, restos das limpezas das bermas, estas são limpas mas o material fica na sua quase totalidade no local. Culpados? Todos nós.
  • André
    12 ago, 2016 Coimbra 21:20
    O País não quer esquecer, muito pelo contrário, quer lembrar...para que não se volte a repetir...estes incêndios "tem muito que se lhe digam"
  • Politikeiro
    12 ago, 2016 S. Bento 20:47
    É, num País normal os polítiqueiros interesseiros que nos têm desgovernado à mais de 40 anos a esta parte, já tinham resolvido o problema dos incêndios. Vergonhoso, de 3º mundo mesmo, o que se está mais uma vez a passar em Portugal. A quem interessa o negócio do fogo? Nunca haverá meios suficientes se continuarmos a não apostar a sério na prevenção!
  • Viragem de pagina
    12 ago, 2016 fim do mundo 20:13
    Governo de teatreiros e de folclore dá nisto, descoordenação no uso dos meios e ausência de prevenção
  • E. Almeida
    12 ago, 2016 Porto 20:02
    «Resumo de uma semana que o país quer esquecer», diz-se na abertura do texto. Não, não podemos esquecer, mais, NÃO DEVEMOS ESQUECER o que se tem passado com os incêndios. Se esquecemos, estamos a derrotar-nos a nós próprios. Temos que exigir que isto acabe, não pode ser o habitual «nós estamos mal, mas há quem esteja pior…» e já ficamos felizes por isso. Não é possível. Não é possível que, ao longo dos anos, se fale em limpar as matas, mas no ano a seguir tudo continua na mesma. Não é possível que apenas uma minoria de incendiários esteja preso enquanto a maioria é posta em liberdade depois de cometer o crime. Até o presidente da República já disse que «é preciso punir em conformidade». Ao menos por uma vez, sejamos exigentes.

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