30 jan, 2023 • Miguel Rato
“Eu estava habituado a que as coisas fossem interrompidas. É a história da minha vida nos últimos anos”. O espetáculo agora em cena no Teatro São Luiz (até dia 5 de fevereiro) devia ter estreado em 2015, não tivesse surgido o convite para administrador da RTP, e posteriormente em 2019, não tivesse surgido o convite para integrar o governo de António Costa como Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Média.
“De certa maneira, eu sou o Zelensky do governo, que vai da área humorística para o governo”.
“Onde é que eu ia?...”, espectáculo com desenho em tempo real de António Jorge Gonçalves, acaba por ser uma versão revista e atualizada do original de 2015, que retrata estas experiências dos últimos 10 anos e dos vários “chapéus” que foi tendo - daí designar-se como “artista de variedades”. Nele vê recuperada a sua “liberdade integral de opinião” para falar do que quer, ao contrário do período em que foi Secretário de Estado e em que tinha de estar alinhado com o discurso oficial do governo.
“Há o jornalismo, e depois há o jornalismo da Cofina”
Referindo-se ao seu mandato na RTP e às supostas incompatibilidades por causa das Produções Fictícias, diz que não era obrigado a vender a empresa desde que esta não tivesse qualquer relação com a RTP durante esse período. Culpa algum jornalismo pela criação de “casos” que espalham a suspeita de corrupção generalizada junto de detentores de cargos públicos que “abre uma bela avenida para a extrema-direita avançar”.