04 mar, 2024 • Afonso Cabral
Pela segunda vez num passado recente, Sérgio Conceição preparou um duelo de exigência máxima de forma exímia. Pela segunda vez numa semana, o Benfica de Roger Schmidt foi subjugado por um rival direto nos primeiros 45 minutos (que desta feita esticou o domínio até aos 90).
O FC Porto entrou forte e foi acumulando ocasiões de golo. Ao intervalo já vencia por 2-0 e, no terceiro golo e ainda com 11 contra 11, mostrou que tinha a lição bem estudada, graças sobretudo a um lance na esquerda que pôs a nu as dificuldades defensivas do corredor direito encarnado e que demonstra a consistência na abordagem ao plano traçado.
Wendel procurou a bola nas costas de di María e conduziu-a até Aursnes, que é obrigado a saltar na pressão (imagem em cima). Nesse momento, o brasileiro soltou em Galeno – livre na esquerda – e procurou uma zona no interior da área para finalizar. Foi uma bela jogada, mas tudo começa na necessidade de o Benfica perder o seu lateral-direito em momento defensivo para colmatar uma falha criada por di María. A grande questão é que o Sporting teve estratégia semelhante, com Matheus Reis, e mesmo assim as dificuldades dos benfiquistas persistiram.
A pressão do Benfica foi também totalmente contornada pela construção do Porto, e aqui evidenciam-se Nico González e sobretudo Alan Varela, que conseguiu quase sempre ligar jogo para o ataque, sendo o alvo preferencial dos passes de Diogo Costa.
João Neves estava muito longe dos médios do Porto e o jogador que estava na posição 10 – Rafa – teve de dividir a atenção por dois homens. Com a superioridade garantida por Diogo Costa na construção, Rafa não conseguiu tapar os caminhos a Alan Varela, que, ao orientar a receção, teve sempre soluções em apoio e em largura para progredir.
A estratégia vencedora juntou-se à vontade de vencer, traduzida nos duelos que os jogadores do Porto iam vencendo quase consecutivamente, alimentados pelo fervor das bancadas. Junta-se a isto as exibições a roçar a perfeição de Francisco Conceição, Galeno e da dupla do meio-campo. E, pronto, temos a receita para o 5-0 no Dragão, que devolve esperança à equipa portista para o que falta do campeonato.
Depois da vitória contra o Arsenal, os dragões bateram um adversário direto na luta pelo campeonato e comprovam a capacidade de Sérgio para preparar estes jogos.
Quanto ao Benfica, importa perceber o que se passa nas primeiras partes. Há uma ausência de estratégia pré-jogo ou incapacidade em cumprir o que foi definido?
É que Schmidt vai passando mensagens duvidosas pré-jogo, com a constante alteração dos mesmos jogadores dentro do sistema – desta vez foi Kokcü a experimentar uma posição nova. Os jogadores parecem perdidos em campo e até com bola revelaram alguma intranquilidade, materializada no elevado número de recuperações em terrenos adiantados da equipa liderada por Conceição, após pontapé de baliza encarnado.
A forma dos jogadores não é a melhor, mas fica a certeza que o valor individual do Benfica permite mais.