03 abr, 2024
Ao terceiro confronto entre Benfica e Sporting na presente temporada registou-se o primeiro empate. Num duelo típico de Taça de Portugal, o Benfica superiorizou-se quase durante 90 minutos, mas foi o Sporting a sorrir no fim.
Houve várias diferenças relativamente ao jogo da primeira mão, sendo que a forma como o Benfica pressionou foi aquela com maior impacto no jogo. Não deixou o Sporting respirar e banalizou o padrão que a equipa de Alvalade tem nas saídas, sobretudo depois do pontapé de baliza. Destaque para Florentino, Aursnes e Bah e para a agressividade que permitiu ao Benfica recuperar um incontável número de bolas no meio-campo leonino, sobretudo no primeiro tempo.
No pontapé de baliza, a bola saiu quase sempre de um central para Israel. Ao pisar a bola, o guarda-redes esperou Tengstedt, e por ser destro, teve mais facilidade em colocar a bola em Inácio. Aí era di María a cair na pressão de forma agressiva, o que obrigava a bola a chegar muitas vezes a um Nuno Santos demasiado recuado. Mesmo resolvendo o problema, o ala colocava num Paulinho que se fazia acompanhar de António Silva, devidamente protegido por Otamendi e Aursnes, assim como podemos ver na imagem. O Sporting quase sempre errou e o Benfica foi ganhando confiança. Foi incrível a disponibilidade física e mental dos encarnados, a fazer lembrar a máquina de pressão da época anterior.
Esquecendo o pontapé de baliza, mas ficando ainda na construção verde e branca, a pressão foi igualmente eficaz, sob contornos diferentes. Para anular a desvantagem de 2x4 no corredor central (Florentino e Neves contra Hjulmand, Bragança, Trincão e Paulinho), Schmidt pediu aos laterais que acompanhassem o extremo no lado para o qual a bola estava a ser jogada. O extremo aproximava e era sempre acompanhado. Assim que Florentino ou João Neves davam o indicador para pressionar (ao caírem com vontade em cima de Hjulmand ou Bragança), Aursnes e Bah replicavam a agressividade e impediam o extremo de virar.
A pressão correu bem, aproximou o Benfica da área adversária e encostou o Sporting às cordas em determinados momentos. O escape lógico desta pressão, e que Rúben Amorim não conseguiu aproveitar, foi a solução em largura, pois tanto Bah como Aursnes eram atraídos muito para dentro, e, apesar de algumas bolas entrarem lá, nem Nuno Santos nem Esgaio tiveram o engenho para resolver situações em que estavam em superioridade ou com o marcador direto atrasado face ao seu posicionamento.
Foi o melhor dérbi do Benfica, com algumas coisas por corrigir para sábado, é certo. A defesa de cruzamento continua precária, com a entrada da área a ser constantemente desprotegida – aproveitou Hjulmand – e Tengstedt não parece convencer o mais crente dos adeptos. Atacar a profundidade não chega e na noite de terça-feira teve nos pés a vantagem no marcador, mas não soube aproveitar.
Sábado há mais. Resta-me lembrar os mais desatentos que, apesar de correções evidentes de Schmidt, de uma melhoria significativa do Benfica face à primeira mão e de largos minutos em que os encarnados asfixiaram o Sporting, são os ‘leões’ que estão na final da Taça. Ganham ânimo para o jogo da Liga e eu fico à espera do segundo round.