04 jun, 2024
Um sonho tornado realidade. Foi assim que Mbappé descreveu a histórica transferência para o cada vez mais galáctico Real Madrid.
Há muito que este desfecho vinha sendo anunciado. O extremo não renovava com o PSG e multiplicavam-se episódios de insatisfação (ou indisciplina), visíveis a todos os adeptos. A relação com Luis Enrique esfriou e nem a assunção de poder, aumentada após a saída de Messi e Neymar, confortou o jovem prodígio, cada vez mais obstinado com a sua próxima paragem.
Para trás ficam seis campeonatos (acrescentem ainda mais um conquistado pelo Mónaco), três Supertaças, duas Taças da Liga e quatro Taças de França. Isto falando coletivamente, porque individualmente os prémios são infindáveis. De sabor amargo ficam as prestações aquém na Liga dos Campeões, sobretudo a deste ano – que perto esteve Wembley – e a final de Lisboa, em 2020, perdida para o Bayern Munique.
Podia ficar horas a escrever sobre o que Mbappé fez a nível de clubes e seleções, mas fecho com o título mundial de 2018 e aquela final perdida para a Argentina, em Doha, num jogo em que faz um hat-trick (!).
O passo lógico seria o Real Madrid. De peso inquestionável, os super campeões europeus têm uma capacidade de atrair estrelas como ninguém no mundo. Sem o Barcelona no horizonte – demasiados problemas financeiros –, o Real é o maior clube do mundo por larga margem, confirmado nos títulos e na marca global que construiu com o passar dos anos.
Esse peso é determinante para a contratação de estrelas, pois é o único clube do mundo maior que Mbappé neste momento. É o único que lhe devolve a humildade de não conseguir descrever a sensação de ser ‘merengue’.
Do ponto de vista estrutural, isto é determinante, pois provavelmente vamos voltar a ver o ex-PSG a ‘comer’ relva, num contexto em que sabe que se o fizer ganha o respeito da ‘afición’, engorda o palmarés e torna-se uma lenda do futebol mundial.
No aspeto tático, Mbappé entra na linha de ataque de Carlo Ancelotti. Muitas vezes o italiano é acusado de falta de consistência no seu jogo, deixando-se à mercê da aleatoriedade dos seus criativos. Pragmático, sempre que é confrontado com o assunto, o italiano diz apenas promover as melhores características dos seus jogadores. Afinal, se Vinicius Jr. é um monstro quando o jogo se parte, qual é o interesse de castrá-lo num moderno jogo de posição? Com Mbappé passa-se o mesmo.
Aqui parto de um pressuposto adivinhatório: o Real vai passar grande parte do tempo em 4x4x2 losango. Mbappé e Vini soltos na frente, com a dúvida a prender-se entre quem parte da esquerda, tendo em conta que os dois se sentem mais confortáveis aí. Pelo estatuto, diria que será Mbappé, mas o tempo atenderá a esta dúvida.
Perde espaço de manobra o talentoso Rodrygo, mas alguém teria de sofrer…
Kylian, tal como o seu ídolo, Cristiano Ronaldo, vem puxando o seu jogo de fora para dentro. Continua a ser um extremo, mas funciona bem como duplo avançado e não tanto como única referência ofensiva em corredor central no típico 4x3x3.
É a contratação certa na altura certa, numa espécie de devolução de uma figura maior ao plantel do Real Madrid, que, apesar da constelação de estrelas, carecia de alguém deste perfil desde a saída de Ronaldo.
Globalmente, os ‘blancos’, com a inclusão de Mbappé e Endrick (ambos confirmados), perfilam-se como uma equipa de topo nos próximos 10 anos, suprindo de forma estratégica a morte anunciada dos seus veteranos. Com 25 anos ou menos há Tchouaméni, Brahim Díaz, Arda Güler, Bellingham, Camavinga, Valverde, Rodrygo, Vini e agora Mbappé.
Um autêntico save de Football Manager.