31 dez, 2019
Vi durante este fim de semana o filme “Os dois Papas” e gostei muito. De facto, ao contrário das críticas negativas que têm sido feitas ao filme realizado por Fernando Meirelles, que vão desde a inexatidão dos factos históricos, à forma faciosa como retratam o “bom Papa”, Francisco, e o “mau Papa” Bento XVI eu, enquanto católica, senti que era o filme certo na altura certa.
Na verdade, tirando a crítica à inexatidão dos factos, não posso deixar de manifestar que a minha admiração por Bento XVI só cresceu ao longo do filme. A forma intelectualmente tão séria como o Anthony Hopkins articula, através da personagem do Papa Bento XVI, a necessidade de dar lugar a alguém que tenha uma visão diferente do mundo e a humanidade crescente que transmite ao longo do filme é, sem dúvida, admirável. De facto, pensar que existe alguém mais adequado que nós para enfrentar os desafios crescentes e saber sair na altura que se considera certa é de uma coragem e de uma humildade que nos envergonha.
De salientar ainda que, tal como no filme, a relação existente entre os dois Papas é da maior cordialidade e respeito, o que só abona em favor das duas personalidades de exceção que encarnam esta realidade tão excecional, da coexistência de dois Sumos Pontífices.
Além disso, a forma como o filme retrata a humanidade de ambos os Papas é um aconchego a todos os que são Igreja, mas que, tantas vezes não são crentes nem coerentes. Como bem expressa a segunda leitura do passado Domingo na Carta aos Colossenses, “Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também.”
Nesta altura em que os valores religiosos são, tantas vezes substituídos pelo relativismo moral, um filme que aproxima todos da Igreja, não pode, em meu entender deixar de ser louvado.
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