06 mar, 2021
Francisco começa o dia a voar para a cidade de Najaf, cidade santa xiita do Iraque e meta de peregrinação dos xiitas de todo o mundo para venerar o túmulo do primeiro convertido ao Islão, o Iman Ali, primo e cunhado de Maomé. Além da Mesquita do Iman Ali, este santuário é considerado o terceiro lugar santo mais importante do Islão, depois de Meca e de Medina. E é no interior deste santuário que vive o Grande Ayatollah Ali Al-Sistani, onde o Papa se desloca para um encontro privado.
Al-Sistani, com 90 anos, raramente sai de casa, não aparece em público, nem faz discursos. Quando é preciso, o reconhecido líder espiritual confia as suas mensagens a um porta-voz e só intervém em momentos-chave na vida dos iraquianos, revelando-se um homem de paz, contra o terrorismo e a favor do diálogo e da abertura à presença dos cristãos.
Por isso, o encontro do Papa com Ali Al-Sistani é mais um passo histórico no longo caminho de aproximação ao Islão desencadeado por Francisco ao longo do seu pontificado: vimo-lo primeiro, no acarinhado diálogo com o reitor da Universidade sunita do Cairo, Sheik El-Tayeb, que levou à assinatura conjunta do documento sobre “Fraternidade humana” em Abu Dhabi; e agora, na aproximação ao líder xiita, o Grande Ayatollah Al-Sistani.
O que sairá desse encontro só Deus sabe. É o mesmo Deus que há milénios escolheu Abraão, na planície de Ur, para dar origem ao grande mosaico das religiões monoteístas, onde hoje estes dois homens de Deus se incluem. Ao lado tantos outros, como João Paulo II que, há 20 anos, já alimentava este sonho que agora se cumpre.
[Texto atualizado às 10h20]