16 out, 2019 • José Pedro Frazão Redacção com Pedro Caeiro
"A 'geringonça' não foi mais do que um expediente do PS para superar uma derrota eleitoral e acabou no domingo eleitoral, não com a divergência com o Bloco de Esquerda." Quem o defende é Francisco Assis, o ex-eurodeputado socialista que não poupa críticas ao novo executivo que António Costa apresentou na terça-feira ao Presidente da República.
Neste episódio do programa "Casa Comum" da Renascença, Assis e o social-democrata Paulo Rangel não poupam críticas ao novo Governo, ainda que por vias diferentes.
Para o socialista, o importante, agora, é que o partido "mantenha a capacidade de falar à esquerda e à direita" e que se ponha fim ao "discurso inaceitável no PS de demonização da direita".
Já Rangel diz que "não se justifica" o aumento do número de ministros, que de acordo com os planos de Costa farão deste o Governo com maior número de partidos desde 1976.
"Sou contra modelos minimalistas como Passos Coelho tentou, mas ter 19 ministros é para contentar as capelinhas do PS", critica o eurodeputado do PSD. "Pior" que isso, acrescenta, "é não haver renovação". "Marta Temido é uma ministra desacreditada, o ministro da Educação foi medíocre e também tenho reservas sobre a ministra da Administração Pública."
Brexit ganha novo fôlego
Numa semana de Conselho Europeu, marcado pelo que possa ainda surgir de surpresa quanto ao Brexit, quais as expectativas para a reunião dos 27? Para o social-democrata Paulo Rangel há poucas possibilidades: ou há um acordo mais político (que obrigaria a uma extensão do período de transição, mas apenas para tarar de detalhes técnicos) que seria ideal para Boris Johnson a nível interno porque adiaria tudo, mas com um fim à vista e uma data definida; outra hipótese é a de que a apenas se está a fazer isto para não dar pretextos a Boris Johnson de dizer que a EU não fez tudo o que podia para se chegar a um acordo.
Já Francisco Assis acha que estamos num momento em que se vive num “teatro de sombras”, em que não há grandes avanços, nem Johnson ganha muito com isso. “Ao nível interno e eleitoral ele beneficia disto” porque sabe que as sondagens lhe são favoráveis. Ainda pode passar a ideia de que foram os europeus a maltratar os britânicos e a inviabilizar qualquer solução. No entanto, o antigo eurodeputado do PS chama a atenção para outro facto relevante: a declaração ontem da Primeira-ministra escocesa quando disse que, no próximo ano (no máximo dois), deveria haver novo referendo à independência da Escócia. “Podemos ter o risco de desintegração do próprio Reino Unido” a médio prazo na sequência do Brexit.
França chumbada no PE
O Parlamento Europeu manteve-se, entretanto, firme na sua objecção à francesa Sylvie Goulard. Rejeitou a sua nomeação como comissária encarregada pela pasta do Mercado Interno, com 82 votos contra, 29 a favor e uma abstenção. Trata-se de um novo obstáculo à presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que fica agora com três “baixas” por resolver na sua equipa (depois do “chumbo” dos eurodeputados aos nomes dos candidatos apresentados pela Hungria e Roménia). “É uma grande derrota de Macron, que fez mal os seus cálculos e deu conforto aos países de leste, que têm de escolher novos candidatos. Toda a gente queria ver se havia uma tolerância diferente para um país como França face aos de leste e não foi o que sucedeu”.
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