04 mar, 2020 • José Pedro Frazão
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "esteve mal ao não fazer nada" face às suspeitas de abuso de poder no sorteio de processos no Tribunal da Relação de Lisboa.
Quem o defende é o eurodeputado do PSD Paulo Rangel, no programa "Casa Comum" desta quarta-feira. "Marcelo lavou as mãos como Pôncio Pilatos. Esta é uma matéria constitucional de primeira linha e ele esteve mal ao não fazer nada", defende o social-democrata.
Apesar de garantir que tem "uma enorme confiança na Justiça portuguesa", Rangel contrapõe em tom crítico que "este é um caso com reação tardia que contribui para a demagogia sobre a Justiça".
Em causa está a alegada manipulação de processos no Tribunal da Relação de Lisboa pelo ex-presidente da instância, Vaz das Neves, e o seu sucessor, Orlando Nascimento, que renunciou ao cargo no início da semana face às suspeitas.
Sobre o mesmo assunto, o ex-eurodeputado socialista Francisco Assis é menos crítico da figura do Presidente da República. "Admito que se tenha resguardado para esperar pela reação do aparelho judicial", refere Assis, sem deixar de sublinhar que estamos perante "um dos casos mais graves na Justiça em Portugal" de que tem memória.
"É um tudo gravíssimo, tem de ser totalmente elucidado, não pode subsistir qualquer dúvida."
Neste "Casa Comum", os dois políticos debateram ainda a situação na fronteira da Turquia com a Grécia no rescaldo de renovados ataques do regime sírio à província de Idlib, que estão a gerar um novo êxodo de refugiados; e também a epidemia de coronavírus, que esta quinta-feira levou o Governo italiano a ordenar o encerramento de milhares de escolas por todo o país durante as próxima duas semanas.
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