25 mar, 2020 • José Pedro Frazão
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Os comentadores do programa "Casa Comum" da Renascença analisaram a resposta europeia à pandemia, com renovadas críticas ao bloqueio de soluções como a emissão de dívida europeia e à falta de solidariedade com Itália.
O socialista Francisco Assis não tem dúvidas. É a própria União Europeia que fica em causa caso um núcleo de países do centro e norte do continente mantenham a rigidez na contribuição para um plano económico e financeiro robusto à escala europeia no combate à pandemia do novo coronavírus.
"Ou a Europa reforça neste momento o seu grau de integração ou corre um sério risco de dissolução. Há momentos em que as coisas não podem ficar na mesma. A Europa vai ter que evoluir num sentido ou noutro", afirma Assis para quem é essencial um reforço da integração europeia que dê aos europeus mais razões para confiar no projecto europeu.
O antigo dirigente do PS apela a "uma resposta cabal, solidária, mutualizando uma parte da dívida, acorrendo às necessidades de países que vão ser mais afetados por esta crise", mas confessa não estar otimista em relação à derrota de "egoísmos nacionais tacanhos e imediatistas ".
O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel afina pelo mesmo diapasão, sustentando que as divisões entre os estados-membros colocam em causa a União Europeia.
"Se a Alemanha, a Holanda, a Áustria e a Finlândia persistirem neste tipo de atuação penso que a própria União Europeia está em risco. E está em risco justamente. Mesmo do ponto de vista sanitário, a Itália esteve sozinha até agora. Só agora é que a Alemanha começa agora a dar algum apoio à Itália e já deu algum à França. Que interesse é que um país tem em estar na União Europeia se quando tem um problema gravíssimo, a União Europeia lhes fecha completamente as portas?", questiona Paulo Rangel no programa "Casa Comum", parceria da Renascença com a Euranet- Rede Europeia de Rádios.
O dirigente do PSD considera que uma abordagem diferente na União Europeia não é sinónimo de uma resposta irresponsável. "Com certeza que não será tudo aquilo que os países do sul queriam", exemplifica Rangel que admite que este impasse poderá dar argumentos aos eurocéticos e populistas.
"Aqueles que têm uma postura anti-europeia irão atuar de uma forma fortíssima e isto vai significar que mesmo aqueles que são pró-europeus como eu não podem deixar de lhes dar razão em alguma medida", remata Paulo Rangel.