15 jun, 2022 • José Pedro Frazão , com redação
O problema nas urgências dos hospitais é estrutural e é preciso avançar com medidas para reduzir a dependência dos médicos tarefeiros e atrair profissionais para o SNS, defende o deputado socialista Porfírio Silva, em declarações ao programa Casa Comum da Renascença.
"O sistema de urgências não pode depender fundamentalmente de trabalhadores temporários, que vêm hoje à tarefa e amanhã já não vêm”, afirma Porfírio Silva.
A ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou esta semana a elaboração de um plano de contingência para evitar novos casos de caos nas urgências durante o Verão.
O deputado do PS considera determinante, desde logo, “melhorar as carreiras profissionais” no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Os profissionais de saúde têm de preferir estar no Serviço Nacional de Saúde ao invés de estarem em empresas fora do SNS”, sustenta.
“A segunda ideia é que nós precisamos, para isso ao nível dos hospitais, de aumentar a autonomia de gestão. Também ao nível de gestão intermédia, portanto ao nível de organização da própria dos próprios cuidados, nós também temos que aumentar a autonomia de gestão intermédia", sublinha Porfírio Silva.
No programa Casa Comum da Renascença, Joaquim Miranda Sarmento, do PSD, considera que o Ministério da Saúde falhou, não basta “atirar dinheiro para cima do problema” e defende mais autonomia no setor.
Joaquim Miranda Sarmento considera que o modelo centralizado de microgestão do Ministério da Saúde ”manifestamente não funciona”.
A autonomia deve ser reforçada? “Estou totalmente de acordo, pena é que ela não tenha sido executada nestes últimos seis anos", declarou.
Em declarações ao Casa Comum, Nuno Melo, o eurodeputado e presidente do CDS-PP, critica a ministra Marta Temido e afirma que “não se resolvem problemas do Serviço Nacional de Saúde com ideologia”.
Nuno Melo diz que “os profissionais de saúde são pagos miseravelmente”, no mesmo país “em que se investe 11 milhões de euros por ano só num fim de semana da Websummit e injetam-se 3.180 milhões de euros na TAP depois de uma reversão que foi ideológica em relação a uma privatização, dinheiro que o Estado nunca mais recuperará, que é esforço de contribuintes”.
“O que eu quero dizer basicamente é o seguinte: não se resolvem problemas do Serviço Nacional de Saúde com ideologia, ou ouvirem a Internacional como faz a sra. ministra da Saúde quando se sente nervosa. Os doentes basicamente querem ser salvos, querem ser atendidos e os médicos querem ter condições", afirma Nuno Melo.