22 jun, 2022 • Cristina Nascimento , João Campelo (sonorização)
Fazer combustível a partir de lixo pode ser uma alternativa para viagens de avião menos poluidoras. A hipótese é avançada por Luis Braga Campos, especialista em engenharia aeroespacial e professor universitário do Instituto Superior Técnico.
“Há muito lixo, há o lixo urbano, há lixo das florestas. Esse lixo pode ser reciclado para produzir combustível, porque tem matéria orgânica. Essa é uma solução aparentemente que só tem vantagens; por um lado, vemo-nos livres do lixo que também é uma forma de poluição e, por outro, lado produzimos um combustível que algo que é útil”, explica.
Este especialista alerta, no entanto, para a existência de problemas, como por exemplo “a recolha desse lixo todo, a energia gasta em processar esse lixo todo e depois ver se a quantidade de combustível que temos é suficiente”.
Segundo este especialista, a “aviação contribui com cerca de 6% das emissões de carbono globais, não é o setor mais poluente”.
“O aquecimento, o cimento, os automóveis contribuem muito mais que os aviões. Por outro lado, aquilo que os aviões contribuem não é desprezável e mesmo que seja só 6%, se não se fizer nada, poderá no futuro chegar aos 10%”, adianta.
Além do lixo, Luis Braga Campos diz que há várias alternativas aos combustíveis fósseis – eletricidade, hidrogénio, combustíveis sintéticos – mas todos têm limitações e todos saem mais caros.
Este especialista diz que, no imediato, os combustíveis sintéticos são os que estão mais aptos a começar a ser uma alternativa, mas que todas as soluções podem e devem ser equacionadas e adaptadas a cada uma das circunstâncias – táxi aéreo e voos nas suas diversas durações (curto, médio e longo curso).
Luis Braga Campos é o entrevistado na edição desta semana do podcast da Renascença/Euranet Plus sobre aviação sustentável.