19 mai, 2019
As eleições europeias do próximo domingo parecem condenadas a ser as primárias das legislativas o que altera substancialmente os dados. Mas não foi sempre assim?
Os holofotes devem ser divididos entre os candidatos a Bruxelas e Estrasburgo e os líderes dos partidos e o discurso preenchido pela agenda doméstica. O investimento público em queda, os incêndios de 2017, os descontos nos passes sociais e, claro, como não, Joe, Joe Berardo, são os temas da campanha.
Dos temas ‘verdadeiramente europeus’ fala-se muito pouco e de forma insuficiente. Como enfrentar a fractura crescente Norte-Sul? Como reformar as instituições europeias? Que riscos na ascensão dos populistas? Estas questões parecem ausentes na campanha. Mas não terá sido sempre assim?
É certo que, depois da troika, Portugal não é tão afectado por problemas que cercam outros países da União: os populismos crescentes, o sentimento anti-europeu, as migrações ou o terrorismo.
Mas estas são as eleições europeias mais importantes em décadas com o Brexit à porta, as alterações climáticas, a crise do euro ou a defesa comum europeia a necessitar de debate e de posições comuns.
Assim sendo como se combate a abstenção no domingo? Nas Europeias de 2014 não votaram 66,2% dos eleitores e se agora menos de um terço não votar algum partido pode reclamar vitória?
Estas são algumas das questões para a análise de Luis Aguiar-Conraria, professor da Universidade do Minho, Manuel Carvalho da Silva, professor da Universidade de Coimbra e Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto.
Antes das eleições europeias será projectado um olhar aprofundado para o caso Berardo a muito contribuir para o crescimento da abstenção, arriscando-se mesmo a ser uma máquina de fazer populistas.
José Berardo nada terá feito sozinho na concessão de créditos de contornos duvidosos, ainda por pagar no valor de 969 milhões de euros, mas as declarações e atitude na comissão de inquérito indignaram o país.
O empresário madeirense é já um dos símbolos – Sócrates será o maior - de um período de enorme irresponsabilidade social de um grupo de actores políticos e empresariais a que, alegadamente, deve ser imputada judicialmente a maior vaga de destruição de valor na economia portuguesa.