07 jun, 2020 • José Bastos
Um vulcão social ameaça Donald Trump a apenas cinco meses das eleições presidenciais (a 3 de novembro) no rescaldo da agonia de George Floyd, o cidadão negro morto em Minneapolis em circunstâncias de enorme violência policial.
A Casa Branca tem sido confrontada com a escalada dos protestos contra a brutalidade das forças de segurança policiais contra as minorias e, em particular, a população negra nos Estados Unidos.
Em paralelo a protestos pacíficos uma vaga de vandalismo incendeia lojas gerando o pânico entre pequenos comerciantes, no momento em que voltavam a abrir os negócios, depois de dois meses encerrados devido à pandemia de Covid19.
No início da semana, Donald Trump dirigiu-se ao país a partir dos jardins da Casa Branca, depois de oito dias de convulsões sociais, mas focando-se, em particular, na irritação dos cidadãos com as imagens de violência nas ruas. “Sou o vosso presidente da lei e da ordem”, reativando assim a sua base eleitoral de apoio.
As referências à “lei e ordem” são muito comuns nos Estados Unidos, mas a expressão é amiúde atribuída a Richard Nixon no discurso na Convenção Republicana de 1968, dominada pelos graves protestos raciais em Los Angeles tendo como pano de fundo os assassinatos de Martin Luther King, Bob Kennedy e a guerra do Vietname. Em dispersão geográfica e duração no tempo as manifestações de 2020 são já a maior vaga de protestos raciais desde o Verão de 68.
Trump não aborda o problema racial e concentra-se na necessidade de restabelecer a ordem. Estimular desde já a sua base eleitoral renderá votos em novembro quando enfrentar Joe Biden?
Biden, ex-vice de Barack Obama, lidera nas sondagens por 7.1 pontos na média de resultados do site Real Clear Politics, mas a vantagem pode ser descartável, porque a Casa Branca é decidida pelos chamados 'estados-pendulares', os swing states. Trump não receia perder o voto dos afro-americanos, porque nunca o teve. Em janeiro uma sondagem do IPSOS para o The Washington Post indicava em que 8 em cada 10 negros acusa o presidente de racismo.
A análise é de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Universidade de Arlington, Virginia, Estados Unidos, Nuno Botelho empresário e presidente da Associação Comercial do Porto e Miguel Poiares Maduro, ex-ministro, professor no EUI é em Florença.
Em equação estará também a fase 3 do desconfinamento e António Costa e Silva, o ‘paraministro’.