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A "terceira volta" de Macron

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A "terceira volta" de Macron

12 jun, 2022 • José Bastos


José Alberto Lemos, Nuno Garoupa e Nuno Botelho na análise das legislativas francesas, guerra na Ucrânia e o 10 de Junho de Marcelo Rebelo de Sousa.

A ‘terceira volta’ das eleições presidenciais francesas. A fórmula controversa, usada em final de abril, de Jean-Luc Mélenchon acabou por ser a imagem mais próxima da realidade. O presidente francês joga o futuro do seu segundo mandato nas legislativas deste domingo e a 19 de Junho (segunda volta). A orientação das suas políticas irá depender da cor maioritária da futura Assembleia Nacional.

A maioria absoluta da coligação ‘macronista’ - ‘Juntos’ - está presa por um fio face à configuração eleitoral da Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES; formada pela França Insubmissa, o Partido Socialista, os verdes e os comunistas) que aspira a um governo com Mélenchon a primeiro-ministro.

A média das sondagens antecipa praticamente um empate à primeira volta entre a coligação unitária de esquerda (28%) e os partidos apoiantes de Macron (27%). Em princípio, a segunda volta em 577 circunscrições – só será eleito o mais votado em cada uma – será mais favorável aos candidatos ‘macronistas’, dispondo de uma maior reserva de votos procedentes de outros partidos (direita ou extrema-direita).

Mas é de lembrar que nos dias seguintes à sua reeleição em abril, o sonho do ‘República em Marcha’ era o de uma maioria absoluta na Assembleia Nacional. Três meses depois o ‘macronismo’ dedicou a campanha a atacar Mélenchon e os seus aliados dando a medida do momento de tensão que se vive numa conjuntura degradada pela inflação. O ministro da economia, Bruno Le Maire, colou mesmo a Mélenchon o rótulo de ‘Hugo Chávez francês’.

É um dado objetivo que estas são as legislativas francesas de maior relevância desde o ano 2000 quando se alinhou o calendário eleitoral presidencial com as legislativas, mas a abstenção deverá ser um fator chave para inclinar a balança a favor de Macron. Nos últimos 20 anos as legislativas serviram para conferir ao Presidente uma maioria confortável (Sarkozy 2007, Hollande 2007 e Macron 2012). A coabitação entre um presidente e uma maioria diferente só aconteceu três vezes depois de 1958 e nunca depois de 2002 (Mitterrand com Chirac e Balladur e Chirac com Jospin).

A análise às legislativas francesas, à guerra na Ucrânia e à agenda doméstica (discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 10 de Junho, António Costa a defender aumento de 20% no salário médio até 2026 e desafios de Luís Montenegro) é de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Nuno Botelho, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria e do jornalista José Alberto Lemos.

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