17 jul, 2022 • José Bastos
As temperaturas já descem, mas a ação combinada do tempo seco e quente da última semana não permite ainda suavizar o risco de incêndios florestais – daí a situação de contingência alargada até este domingo, 17.
A área ardida este ano já supera os valores totais de 2021 e desde 2017 as áreas rurais não eram alvo de tamanha intensidade de fogo até meados do mês de Julho. 2017 foi, lembre-se, o ano dos incêndios mortais de Pedrogão a 17 de junho – 66 vítimas mortais – e da região centro a 15 de outubro – 51 mortos.
Desde então, apesar de insuficiências, alguns especialistas reconhecem ter havido uma maior aposta na prevenção com a gestão mais racional da biomassa nas florestas e punições pesadas pela ausência de limpeza dos terrenos. Na contabilidade do ‘combate vs prevenção’ dos 306 milhões de euros, 174 milhões são no combate, 46% do total quando em 2017 era 20%.
Mas, num país historicamente frágil na cultura de prevenção em áreas da proteção civil outras questões, como o cadastro das propriedades ou o regime sucessório, a silvicultura a perder valor económico, continuam por resolver.
Está o país num quadro de alguma impotência face aos efeitos da crise global do clima contra os quais não há soluções imediatas e fáceis? Como tem sido a gestão política da crise por parte do governo a apostar na responsabilização dos cidadãos e a aludir a ‘problemas estruturais’?
As análises a estas questões, à auditoria do TC ao NB, ao BF e PRR e às portas-giratórias na política são de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Nuno Botelho, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria e Luís Aguiar-Conraria, professor da Universidade do Minho.