09 out, 2022 • José Bastos
Vinte e quatro horas depois ter colocado em palco o isolamento de Vladimir Putin com um encontro inédito de 44 países europeus, ideia de Macron, a União Europeia voltou a cerrar fileiras ao lado da Ucrânia – e do presidente Zelenski – que participou por vídeo conferência – a quem reiterou a determinação dos 27 no apoio militar e económico na resposta à Rússia.
“É uma guerra inaceitável e estamos determinados a mobilizar todas as ferramentas e meios para ajudar no plano financeiro, militar, humanitário e político”, indicou em Praga o presidente do Conselho Europeu Charles Michel, depois de uma cimeira informal que debateu dois dos grandes problemas enfrentados pela União; a guerra russa e a crise energética ampliada pela invasão e manipulação do Kremlin.
A sensação de urgência estimulou os 27 chefes de estado e de governo que deram um prazo de duas semanas à Comissão Europeia para que apresente “propostas concretas” para intervir no mercado de gás e faça baixar de uma vez por todas os preços. O debate continuará mais em detalhe na reunião informal dos ministros de energia de 11 e 12 de outubro com as decisões reservadas para o Conselho Europeu formal de finais de outubro em Bruxelas.
“A União Europeia não pode perder tempo”, alertou Charles Michel, acusando ainda a Rússia de atirar “um míssil energético visando o coração do sistema económico e social da Europa”. Já a presidente da Comissão Ursula Von der Leyen admitiu considerar várias opções como mexer no preço do gás usado para gerar eletricidade, a exemplo do mecanismo ibérico, à espera da reforma do mercado elétrico do próximo ano.
A cimeira também deixou fortes críticas ao megaplano de 200 mil milhões de euros anunciado unilateralmente pela Alemanha para apoiar as suas empresas e famílias a contornar a alta dos preços de energia. “Estamos contra a destruição do mercado único europeu, uma destruição que terá lugar se for permitido que o governo alemão subsidie apenas as suas empresas”, contra-atacou o primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki.
“A minha mensagem para Berlim é a de estar todos unidos porque nos momentos difíceis temos de ter um denominador comum e não um denominador adequado para um só país”, acrescentou Morawiecki expressando um temor de países como a França ou Itália que ‘o escudo protetor’ previsto por Olaf Scholz acabe por distorcer a concorrência entre os Estados membros.
A análise é de Henrique Monteiro, Nuno Botelho e José Alberto Lemos que olham também para o OE 2023 entregue amanhã no parlamento, o conflito de interesses na política portuguesa e os planos de investimentos nos transportes ferroviário e aéreo.