17 fev, 2023 • Isabel Pacheco
O presidente da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), Álvaro Beleza, acusa o Governo de "populismo" ao querer impor limites nas rendas para novos contratos de arrendamento.
Para o socialista, a medida que faz parte do pacote “Mais Habitação” não é o caminho para solucionar a crise no setor.
“Isso é populismo. Isso é agradar as pessoas. É facilitar a vida. Vamos congelar as rendas. Toda a gente quer uma renda congelada”, criticou Álvaro Beleza que, durante a conferência “Conversas na Bolsa”, no Palácio da Bolsa, no Porto, recordou o fracasso de medida semelhante adotada durante a 1.ª República.
“Na altura o que aconteceu aos centros das cidades? Os inquilinos empobreceram, os senhorios empobreceram, não puderam fazer obra e as cidades degradaram-se”, apontou.
Entre as medidas que visam estimular o mercado de (...)
O congelamento das rendas é uma das medidas anunciadas, na quinta-feira, pelo Governo para o setor da habitação. Um programa, diz o socialista Álvaro Beleza, que “numa primeira leitura” mais parece “um plano à Mortágua”, referindo-se à deputada bloquista candidata à liderança do partido.
“Mas o PS está preocupado que ela ocupe eleitoralmente o lugar do PS? Eu não estou nada preocupado”, atirou o socialista.
Para o líder da SEDES, o programa para a habitação põe em causa a confiança do mercado “fundamental para a economia de mercado e para o crescimento económico”. “É preocupante haver medidas que põem em causa esta confiança. É preciso muito cuidado quando se mexe com isso”, alertou.
O executivo de António Costa aprovou, na quinta-feira, um pacote de medidas para combater a crise na habitação. Entre as medidas que querem promover o mercado de arrendamento e a construção, consta o limite do valor de rendas e o pagamento de rendas a inquilinos com três meses de incumprimento, bem como, o regime de "arrendamento compulsivo" de casas devolutas.