11 set, 2023 • Filipe Santos
Em setembro, todos os anos, mais de cem mil alunos em todo o país iniciam os seus estudos superiores. E cada vez mais alunos em Portugal, em particular na área de mestrados, são estrangeiros, maioritariamente europeus. Por exemplo, dos 650 alunos de mestrado que iniciaram os seus programas na Católica Lisbon School of Business and Economics, 500 são internacionais.
O processo de Bolonha, ao uniformizar a estrutura de graus na Europa, separando licenciaturas de mestrados, criou um mercado europeu para o ensino superior e tornou-se uma história de grande sucesso. Lançado em 1999, é um processo voluntário ao qual os países europeus aderem e que permitiu criar um Espaço Europeu de Ensino Superior com 49 membros que vai muito para além das fronteiras da União Europeia.
Neste espaço, há um acordo de uniformização da estrutura de graus (licenciatura, mestrado e doutoramento), um sistema padrão de medição baseado em ECTS (unidade estandardizada de aprendizagem) e uma garantia de reconhecimento por todos os países do programas e disciplinas dos outros. A estes elementos acresce uma carta de valores fundamentais a que todos aderem.
Estes padrões comuns permitiram criar um mercado com enorme mobilidade de alunos entre países, em particular ao nível de mestrados e doutoramentos onde os alunos são mais velhos. Fazer uma licenciatura fora do país aos 17/18 anos ainda é uma escolha feita por uma minoria dos jovens no espaço europeu. No entanto, o programa Erasmus de intercâmbio de alunos, lançado em meados da década de 90, permitiu suplementar a experiência dos alunos de licenciatura com uma estadia de seis ou 12 meses numa escola de outro país, com apoio financeiro e reconhecimento desse período de aprendizagem.
Dessa experiência, feita num país diferente e com colegas de toda a Europa, saem aprendizagens riquíssimas e um sentido de identificação com o ideal europeu. Atrevo-me a dizer que nada fez mais pelo processo de construção europeia do que a combinação do Processo de Bolonha com o Programa Erasmus.
Exposto a um mercado aberto e concorrencial ao nível europeu, muitas escolas a partir do ano 2000 diferenciaram-se e internacionalizaram-se, sendo as escolas de Economia e Gestão pioneiras. Na CATÓLICA-LISBON esse processo começou em 2005 com a contratação de professores internacionais e a implementação de standards de promoção rigorosos e objetivos, bem como fortes investimentos e compromissos com a melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem.
A este processo juntou-se uma extensa rede de parcerias em que as melhores escolas fizeram acordos de colaboração para a mobilidade de alunos e também criaram graus conjuntos ("double degrees"). As escolas que fizeram esse caminho, atraíram professores de excelência e alunos internacionais de qualidade e conseguiram crescer e afirmar-se no contexto europeu e mundial.
Mas como escolhem os alunos, entre centenas de opções, as escolas para onde vão estudar? Neste processo de escolha é fundamental a qualidade da experiência dos alunos anteriores, mas também a boa reputação dos programas e das instituições de ensino superior. Nesta área da reputação internacional há dois mecanismos fundamentais – acreditações e rankings.
Em termos de acreditação internacional afirmaram-se, para a área das Business Schools, três entidades - uma de origem americana (AACSB), uma Europeia (EFMD-EQUIS) e uma do Reino Unido (AMBA). Todas estas acreditações se tornaram globais e as poucas escolas que conseguiram a acreditação pelas três entidades (menos de 1%) são chamadas de "Triple Crown" e representam a elite das escolas mundiais.
A CATÓLICA-LISBON foi a primeira escola portuguesa a receber a "Triple Crown", distinção que mantém desde 2007 e que foi renovada por mais cinco anos em 2023. Estes processos de acreditação são muito exigentes, focam todas as áreas da vida de uma escola (qualidade dos professores, processo de aprendizagem, governança da instituição, qualidade das instalações) e são avaliados por pares (diretores de outras escolas) o que promove a partilha de boas práticas e a criação de uma cultura de exigência e qualidade com base em standards comuns.
A este sistema de acreditações juntam-se os rankings de escolas e programas, do qual o ranking do Financial Times é o mais antigo e reconhecido. A vantagem deste ranking é ser baseado em dados objetivos que representam o presente e o futuro (professores, qualidade dos alunos, satisfação com os programas, empregabilidade, progressão salarial nos primeiros três anos).
Outros rankings menos interessantes focam-se em medidas de reputação percebida pelos pares e tendem a perpetuar perceções passadas em vez de premiar aqueles que apostam na inovação e qualidade. A CATÓLICA-LISBON foi a primeira escola de negócios portuguesa a estar presentes nos rankings dos Financial Times (primeiro na Formação Executiva em 2007 e depois nos programas de Mestrado e MBA) estando agora no Top 30 Europeu ou Mundial em todos os rankings.
Neste contexto, vale a pena referir que hoje foram publicados os resultados do ranking do Financial Times dos melhores mestrados em gestão do mundo. A CATÓLICA-LISBON é a única escola portuguesa no Top 30 que continua a subir nos rankings, tendo agora o 26.º melhor mestrado em Gestão do mundo e tendo subido 19 posições em dois anos. Esta posição nos rankings é um forte atrativo para alunos de todo o mundo virem estudar na CATÓLICA-LISBON.
Em resumo, o ensino superior é uma área de grande sucesso no processo de construção europeia. A criação de um mercado aberto, com critérios uniformes e foco na qualidade, permitiu que cada instituição (universidades e escolas) desenvolvesse projetos diferenciadores e competisse com qualidade e inovação num espaço aberto.
Neste campo, Portugal é hoje muito competitivo em termos europeus e tem uma oportunidade enorme de crescimento. Escolas como a CATÓLICA-LISBON têm feito um caminho de grande qualidade reconhecido internacionalmente, potenciando em Portugal um cluster de ensino superior.
Filipe Santos, dean da Católica Lisbon School of Business and Economics e Professor de Inovação Social
Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics