29 set, 2023 • *Padre Paulo Terroso
Há muito, desde a sua abertura, em outubro de 2021, que vem a ser dito que este é não mais um sínodo, ou pelo menos, não é um sínodo como os outros.
Há muito, e repetidamente, vários teólogos têm afirmado que este é o acontecimento mais importante depois do concílio Vaticano II.
Um dos últimos a dizê-lo foi o professor José Eduardo Borges de Pinho. Tomáš Halík, o padre, filósofo e dissidente checo, recentemente, num Discurso à Assembleia Geral da Federação Luterana Mundial, disse que “o Cristianismo está no limiar de uma nova reforma”. E eu subscrevo as suas palavras.
O que está a acontecer, desde 2021, e às portas do início de uma fase determinantes do sínodo, a XVI Assembleia Ordinária do Sínodo Bispos, que vai decorrer de 4 a 29 de outubro, no Vaticano, é o prólogo de uma nova reforma no Cristianismo e um momento histórico da Igreja e da história dos sínodos.
Quem, há um ano, imaginaria que estaríamos a falar de padres e madres sinodais!? E, no entanto, está a acontecer.
Quem imaginaria que as mulheres teriam a direito a voto num sínodo dos bispos!? E, no entanto, está a acontecer!?
Quem imaginaria que o sínodo decorreria, não na habitual aula sinodal, um anfiteatro com os cardeais nas primeiras filas, seguidos pelos bispos e depois pelos padres e com especialistas teológicos leigos normalmente sentados mais atrás, mas na sala Paulo VI, com os participantes sentados em mesas redondas para assim expressar a radical igualdade batismal do Povo de Deus!? E, no entanto, está a acontecer.
O sínodo abre com uma vigília ecuménica, e um tempo de retiro de 1 a 3 de outubro, porque sem oração, como escreveu o secretário-geral do Sínodo, o cardeal Mario Grech, em carta dirigida aos bispos de todo o mundo: “sem oração não há sínodo”.
Isto porque o Sínodo não serve para discutir ideias interessantes e originais, ou contrapor agendas ideológicas, mais à direita ou mais à esquerda. O Sínodo é um grande exercício espiritual, uma experiência de discernimento espiritual à procura da vontade de Deus para a Igreja.
*Padre Paulo Terroso, membro da Comissão de Comunicação do Sínodo 2021-2024