11 dez, 2023 • Nuno Moreira da Cruz
Num mundo cada vez mais interconectado e consciente das questões ambientais e sociais, a necessidade de as empresas se portarem como negócios responsáveis não pode mais ser ignorada. Respeitar as preocupações com o planeta e as pessoas tornou-se inquestionável e as empresas que não adotem esse posicionamento estão fadadas ao fracasso.
As Diretivas Europeias de Compliance e Reporting têm desempenhado um papel significativo em acelerar o processo de responsabilidade corporativa com diretrizes que estabelecem padrões rigorosos que as empresas devem cumprir, abordando questões que vão desde a transparência financeira até a gestão de resíduos.
No entanto, é vital entender que a responsabilidade empresarial vai muito além do cumprimento de regulamentos, esse não é mais do que o primeiro passo (“must have”) para uma empresa que busca ser responsável. É fundamental compreender que a verdadeira responsabilidade corporativa não é apenas uma obrigação legal, mas uma filosofia de negócios que deve estar enraizada em todos os aspetos da organização. Por outras palavras, a responsabilidade para as empresas vai muito para além da simples compliance, envolve a integração de práticas sustentáveis em todas as operações da empresa, que vão desde a adoção de medidas proativas para reduzir o impacto ambiental até à promoção da diversidade e da igualdade no local de trabalho, enquanto se devem preocupar em contribuir positivamente para as comunidades onde operam.
As empresas que tratem estas questões como mera compliance (muitas vezes mesmo para concluir que afinal, por serem por exemplo PMEs não têm obrigação de reporting), sofrerão consequências negativas ao perceber que dessa forma dificilmente poderão fazer parte de cadeias de abastecimento das grandes multinacionais. O posicionamento como empresa responsável vai muito, mas mesmo muito, para além de meras obrigações de reporting.
Atuar como negócios responsáveis é a única maneira de as empresas garantirem a sua sobrevivência a longo prazo no mercado altamente competitivo de hoje. Estamos a falar, em muitas situações, de verdadeiras mudanças culturais que permitam colocar a sustentabilidade genuinamente no cerne do negócio, e que envolvem a criação de uma cultura organizacional que entenda definitivamente que a sustentabilidade económica dos negócios e a sua rentabilidade passa necessariamente por uma maior responsabilidade ambiental e social.
E é esta alteração de posicionamento que muitas empresas ainda não entenderam: não se trata de um mero cumprimento de requisitos, trata-se de “agarrar” esta oportunidade para explorar oportunidades de crescimento através da inovação. Entender acima de tudo que a Inovação e a Sustentabilidade estão intrinsecamente ligadas e, de facto, são duas faces da mesma moeda, acabam por constituir uma simbiose necessária.
Para se destacar num mundo onde a sustentabilidade se tornou uma prioridade central, as empresas precisam de adotar a inovação como uma ferramenta essencial, algo que não se limita apenas a desenvolver novos produtos ou serviços, mas também a repensar todo o modelo de negócios com foco na sustentabilidade. Exemplos de inovação sustentável proliferam e vão desde a adoção de embalagens biodegradáveis ao desenvolvimento de tecnologias limpas, desde a promoção da mobilidade elétrica à implementação de cadeias de abastecimento mais éticas.
À laia de resumo:
- A necessidade das empresas se portarem como negócios responsáveis é inquestionável.
- As Diretivas Europeias de Compliance e Reporting podem acelerar esse processo, mas a verdadeira responsabilidade corporativa vai muito para além do cumprimento de regulamentos.
- Trata-se da única forma de estar no mercado para poder sobreviver e prosperar
- É uma abordagem que não apenas cria valor aos negócios, mas também contribui para um mundo melhor, onde as preocupações com o planeta e as pessoas são prioridades centrais.
- Tudo passa por criar um ecossistema de Inovação que conduza a colocar a sustentabilidade no centro dos negócios.
Nuno Moreira da Cruz, professor na Católica Lisbon School of Business & Economics
Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics