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Eugénia Costa Quaresma
Opinião de Eugénia Costa Quaresma
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Dia Mandela

Está nas nossas mãos: combater a pobreza e a desigualdade

18 jul, 2024 • Eugénia Costa Quaresma • Opinião de Eugénia Costa Quaresma


O Dia Internacional Nelson Mandela foi proclamado na Assembleia Geral das Nações Unidas de 10 de novembro de 2009 e celebrado pela primeira vez no ano seguinte.

Em 2010, o Instituto Padre António Vieira (IPAV) lançou a Academia de Líderes Ubuntu (ALU), um programa de educação não formal que começou por ser destinado a descendentes de imigrantes africanos, mas graças aos primeiros participantes e à primeira equipa dinamizadora, e tantas instituições parceiras, atualmente está difundida e genuinamente implementada a nível nacional e internacional, em diversos contextos humanos, que abraçaram a necessidade de resignificar as relações interpessoais e institucionais.

Através do conceito ubuntu traduzido por «Eu sou porque tu és, Eu sou posso ser pessoa através de pessoas» o IPAV desenvolveu um método em torno de cinco pilares: autoconhecimento, auto estima, resiliência, empatia e serviço, em que de forma muito prática, conduz os participantes a experienciar os conceitos de liderança servidora, não-violência, ética do cuidado, dignidade humana, construção de pontes e assim desenvolver competências sócio emocionais. Uma das ferramentas deste processo é estudar a história de vida de homens e mulheres verdadeiramente inspiradores. Nelson Mandela é uma figura basilar e incontornável, para o nosso tempo. A biografia acessível em livros, filmes e documentários, permitem aprofundar o impacto que o seu carácter e as suas decisões tiveram sobre um povo, um país e pelo mundo.

Distinguido com um prémio Nobel da Paz em 1993 em conjunto Frederik Willem de Klerk (último presidente sul-africano do regime do apartheid), entendemos que a condecoração partilhada personifica a interdependência e a corresponsabilidade num processo de paz duradoura, e é parte do legado que a ONU quis destacar com Dia Mandela a 18 de julho, aniversário do seu nascimento.

Mandela, que se via como um pecador que nunca deixou de tentar procurou perceber o bem que há nos outros e tinha o poder de surpreender os seus adversários com generosidade e compaixão. Entre muitas coisas a sua vida fala-nos da urgência de interromper o ciclo do medo e da violência, e exemplifica que viver os valores da Verdade, do Perdão e da Reconciliação ajudam a construir pontes relacionais, para reconstruir uma sociedade com justiça, o que permite restaurar a esperança.

O seu Legado permanece e um pouco em todo mundo existem iniciativas. Em Portugal através da ALU, desde 2011 assinala-se o Dia Internacional Mandela. Este ano o Dia 18 de Julho de 2024 irá ser celebrado na Assembleia da República na sala do Senado.

Desejo profundamente que algumas das lições de liderança de Mandela cheguem a cada um dos deputados e deputadas que forjam os destinos do nosso país. Espero que esta iniciativa protagonizada por mais de 400 alunos e professores das nossas escolas inspire, e ajude a concretizar a política melhor de que nos fala o Papa Francisco, no capítulo V, da Encíclica Fratelli Tutti.

A dinamização e a adesão ao Mandela Day, procura concretizar o compromisso e a responsabilidade na conceção de um mundo em que ninguém fique para trás, contando com todos e cada um. O lema deste ano afirma que combater a pobreza e a desigualdade está nas nossas mãos. Qual poderá ser a nossa resposta a este sonho e necessidade?

”A filosofia Ubuntu tem profundas raízes africanas, mas, (…), estende-se além-fronteiras. Não é sul-africana. Não é portuguesa. A essência do Ubuntu é Ser Humano.” John Volmink.


Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações


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