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Joana Mata Pereira
Opinião de Joana Mata Pereira
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Opinião Católica-Lisbon

Quem são os profissionais que ensinam no ensino superior?

28 out, 2024 • Joana Mata Pereira • Opinião de Joana Mata Pereira


Não temos dúvidas sobre a necessidade de um conhecimento científico estruturado e aprofundado para os professores do ensino superior em Portugal. Será suficiente? Que formação para ensinar têm os professores do ensino superior?

Desde há muito que as universidades têm sido o espaço de excelência para os avanços no conhecimento científico. Isto significa, entre muitas outras coisas, que os professores do ensino superior procuram dedicar uma grande parte do seu tempo à investigação. Mas as universidades são também um espaço de partilha de conhecimento, de formação de profissionais e futuros profissionais das mais variadas áreas. E quanto ao ensino e aprendizagem que acontece nestas instituições? Aqui já não será tão claro que haja avanços, no conhecimento pedagógico.

Enquanto investigadores, os professores do ensino superior não pensariam em avançar na sua investigação sem um conhecimento estruturado e aprofundado sobre o conhecimento existente na área, sobre o conhecimento científico e a investigação já desenvolvida.

No entanto, esses mesmos professores do ensino superior, enquanto professores, assumem que nada mais é necessário para dar aulas do que o seu conhecimento estruturado e aprofundado sobre o conteúdo da cadeira e a sua experiência acumulada enquanto estudante e enquanto professor.

Noutras áreas profissionais, esta situação seria inconcebível. Imaginemos, por exemplo, assumirmos que um excelente médico, apenas pelo seu conhecimento aprofundado em medicina, seria um excelente gestor hospitalar, sem qualquer conhecimento sobre gestão. Porque não faz então parte da formação de um professor do ensino superior o conhecimento sobre como ensinar?

A profissionalização da profissão docente já acontece há muito para outros níveis de ensino. Os professores do ensino básico e secundário em Portugal são maioritariamente profissionalizados. Além do conhecimento sobre a área científica que ensinam, têm também formação pedagógica. Nos professores do ensino superior (ainda) não é esta a realidade.

Numa tentativa (ou necessidade?) de ultrapassar estas lacunas na formação pedagógica, nos últimos anos, uma grande parte das universidades portuguesas tem apostado em promover formações para os seus professores na área da pedagogia. É o caso, a título de exemplo, da Universidade de Lisboa, da Universidade de Aveiro, ou da Universidade Católica Portuguesa. É um esforço louvável e um primeiro passo essencial, mas dificilmente será suficiente para preparar os professores do ensino superior para ensinar.

Recentemente, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), que avalia e acredita, se as licenciaturas, mestrados e doutoramentos têm as condições necessárias para funcionarem, incluiu, pela primeira vez, a formação pedagógica como uma parte a avaliar nos CVs dos professores. Se isto significa que essa componente terá um peso relevante na acreditação e reacreditação de cursos, ainda teremos de esperar para saber. Mas não deixa de ser um reconhecimento muito significativo da necessidade da formação pedagógica dos professores do ensino superior, que até aqui eram avaliados na sua competência para ensinar num curso exclusivamente pela sua competência científica.

E se algumas Universidades se adiantaram em promover formação pedagógica antes desta formação ser um dos aspetos a considerar para a validação dos cursos, há já instituições a caminhar a passos largos para o nível seguinte, em que a inovação pedagógica faz parte das iniciativas estratégicas da instituição. E aqui, a Católica Lisbon School of Business and Economics volta a ser pioneira, onde foi criada uma estrutura de apoio, o Learning Innovation Office, que colabora com os professores para criar oportunidades de desenvolverem a sua capacidade pedagógica a diferentes níveis.

Tradicionalmente, o conhecimento científico seria o suficiente para ensinar no ensino superior. Este conhecimento, ainda que indubitavelmente central, precisa de ser complementado com urgência com conhecimento pedagógico, para melhorarmos a experiência dos nossos estudantes do ensino superior, mas essencialmente para que as suas aprendizagens sejam mais significativas, para formarmos melhores profissionais.

No ensino superior, a formação para ensinar ainda está longe do ideal, mas o caminho está traçado e estamos a ganhar velocidade.


Joana Mata Pereira, Diretora de Learning Innovation da CATÓLICA-LISBON.

Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica-Lisbon School of Business and Economics.

Comentários
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  • Albino Januário Zung
    30 out, 2024 179008 13:30
    O caminho é longo, mas demos o primeiro passo. A formação Psicopedagógica para professores universitários é fundamental não só para o professor como profissional, mas também para a universidade que tem a tríplice missão (Ensino, Pesquisa e Extensão). Um estudante preparado por um professor universitário com formação Psicopedagógica está apto para os desafios fora da universidade.
  • Albino Januário Zung
    30 out, 2024 179008 13:20
    Realmente, a formação Psicopedagógica para professores universitários é fundamental, não só para o próprio professor como profissional, mas também para a instituição que têm a tríplice missão (Ensino, Pesquisa e Extensão). Os estudantes universitários saem devidamente preparados para os futuros desafios. Ainda estamos distantes da realidade, sim. Estamos mas, o caminho já está aberto.
  • Fátima Gomes
    30 out, 2024 Alenquer 12:43
    Concordo, plenamente, com a opinião da Doutora Joana Mata Pereira! A pedagogia tem um papel muito significativo no ensino! Muitos parabéns! É muito oportuna a abordagem deste tema. Muitos parabéns!