03 jan, 2021 • Maria João Costa , André Peralta (sonorização)
Bem sei que ainda está a digerir o bolo rei e que anda de olho na balança depois das festividades, mas não se distraia, há motivos para sair de casa e ir ver cultura em segurança.
Para que Depois Não Diga Que Não Sabia, abrimos o programa do Centro Cultural de Belém para este mês de janeiro. Há música, teatro, e conversas com história e um ciclo sobre história da arte.
Como serão os novos anos 20? Diferentes dos loucos anos 20 do século passado? Certamente, até porque estamos a viver uma pandemia nunca antes vista.
O espetáculo que vai poder ver no Centro Cultural de Belém de 16 a 19 de janeiro evoca o centenário desses anos 20 que foram uma era de prosperidade, mas também de falência.
O que podem ter a ver o crash da bolsa em 1929 e a ascensão do nazismo com os ecos sombrios da vigilância e da manipulação de algoritmos, as alterações climáticas ou a emergência de novos autoritarismos?
É nestes dois tempos, dois anos 20, que se desenrola "La Folle Epoque", uma peça que propõe uma revisitação histórica, mas olhada à distância dos tempos que vivemos.
Uma peça que conta com a interpretação dos atores Ivo Saraiva e Silva, Cátia Tomé, Ricardo Teixeira, Rodolfo Major, Sara Ribeiro e Teresa Coutinho.
A peça vai estar em cena dias 16 e 17 às 11h da manhã e dias 18 e 19 às 19h, na Black Box.
Mergulhamos no património dramatúrgico português. A outra proposta de teatro que vai poder ver no CCB este mês de janeiro, é um dos maiores clássicos.
"A Castro" de António Ferreira é levada à cena pelo encenador Nuno Cardoso. A peça foi pensada para assinalar o centenário do Teatro Nacional de São João, já passou por alguns palcos nacionais, mas a pandemia atrapalhou a digressão.
Agora, há nova oportunidade de a ver no Grande Auditório do CCB, uma "Castro" pensada "aos olhos dos dias de hoje", segundo Nuno Cardoso.
“Ver um clássico do teatro português", explica o encenador, “serve também para a sociedade se ver ao espelho”.
Nuno Cardoso diz, no entanto, que se mantiveram fiéis ao texto original de Ferreira. Toda a ação se desenrola no espaço da casa, ou de várias casas.
No atual contexto de pandemia, em que a casa – a sua – passou a ser lugar de confinamento, espaço de trabalho, mas também de descanso ou mesmo sala de aula, esta peça parece ter ganho renovada atualidade – refere o encenador.
"A Castro" de António Ferreira vai estar em cena no Grande Auditório, nos dias 21 e 22 de janeiro, às 19h. Os figurinos são de Luís Buchinho, em palco vão estar os atores Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Margarida Carvalho, Maria Leite, Mário Santos, Pedro Frias e Rodrigo Santos.
É uma estreia em Portugal e acontece no Centro Cultural de Belém este mês de janeiro. Strauss compôs, por volta de 1896, uma obra para piano a partir de um texto de Alfred Tennyson intitulado “Enoch Arden”.
Trata-se de um poema melodramático que será apresentado num recital com o pianista Nuno Vieira de Almeida e o ator Albano Jerónimo.
É de mar que se fala nesta peça sobre um marinheiro e cuja temática vive entre um Ulisses e um Robinson Crusue. Um drama à século XIX.
“Esta foi uma das obras de maior sucesso de Strauss e nunca antes foi tocada no nosso país”, diz Nuno Vieira de Almeida.
E a oportunidade de ouvir “Enoch Arden” é única. Será dia 24 de janeiro, um domingo, às 17h da tarde, no pequeno auditório.
Há ainda outras propostas a que poderá assistir no Centro Cultural de Belém este mês.
Desde logo, já no dia 6 de janeiro, há o tradicional Concerto de Reis. Às 19h da tarde vai poder ouvir o ALMA Ensemble no Pequeno Auditório. É o espetáculo de estreia deste agrupamento, que propõe uma “verdadeira viagem no tempo em 15 canções”.
O ALMA Ensemble vai interpretar obras de Bach, Hector Berlioz, Heitor Villa-Lobos, Fernando Lopes Graça, entre outros.
Se quiser ouvir uma das grandes especialistas na obra do poeta Fernando Pessoa, poderá assistir a mais uma sessão das Conversas com História.
No sábado, dia 23 de janeiro, a historiadora Raquel Varela convida Teresa Rita Lopes. Na sala Ribeiro da Fonte, a partir das 11h da manhã, para um público não académico, pensa-se o futuro a partir de um olhar para o passado e, neste caso, para o poeta plural.
Ainda este mês de janeiro, para os curiosos da História de Arte, o CCB preparou um ciclo que junta três dos mais destacados historiadores desta área.
Poderá ocupar os seus sábados de manhã a saber mais sobre pintores como Van Eyck ou Nuno Gonçalves, Leonardo ou Francisco de Holanda e ainda Caravaggio, Rubens, Velázquez e Rembrant.
Esta constelação de estrelas será analisada nas sessões das 11h30, que decorrem nos próximos dias 16, 23 e 30, no Foyer do Grande Auditório, com os historiadores Fernando António Baptista Pereira, Raquel Henriques da Silva e Joana Cunhal Leal.
São estes os destaques que não deve perder em janeiro, para que Depois Não Diga que Não Sabia, na Renascença, todos os meses trazemos os destaques da programação do Centro Cultural de Belém.