16 fev, 2024 • Sandra Afonso , Arsénio Reis
Com uma carreira dedicada ao estudo e análise do mercado imobiliário, Ricardo Guimarães não tem dúvidas, quando diz que um dos maiores problemas do setor é a falta de previsibilidade, que afasta o investimento. Por outro lado, também não têm surgido medidas inovadoras ou disruptivas, que acabem com o atual ciclo de crises sucessivas.
Em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, da Renascença, o economista alerta que, se nada for feito, a crise na habitação poderá tornar-se "uma constante".
No últimos anos, "tem havido algum voluntarismo" nas medidas apresentadas, segundo o diretor da Confidencial Imobiliário, o que claramente não chega. Na prática, faltou a "avaliação dos resultados das políticas desenhadas e, em face desses resultados, revisitar e avaliar o que pode ser útil, para encontrar soluções".
Ricardo Guimarães conclui que, "claramente, há um falhanço das políticas públicas, em matéria de habitação".
Questionado no programa Dúvidas Públicas sobre se existe coerência na política da habitação dos últimos 20 a 30 anos, este especialista defende que "a coerência é a falta de coerência".
Mais uma razão para defender agora um "pacto de regime para a habitação", embora admita que nesta altura, em que os partidos políticos discutem as propostas eleitorais para as legislativas, será mais difícil.
O economista sublinha que, mesmo que nas próximas eleições haja uma mudança nas políticas para a habitação, "nada nos assegura que essa linha se mantenha" na legislatura seguinte. Ricardo Guimarães reforça assim o apelo para que haja "um esforço de consenso político, que permita uma política de longo prazo".
Este é um excerto da entrevista de Ricardo Guimarães ao programa Dúvidas Públicas que pode ouvir na Renascença no sábado, a partir do meio-dia, ou nas principais plataformas de podcast.