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Ensaio Geral
Magazine dedicado às artes e à cultura com a jornalista Maria João Costa. Sexta às 23h30
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De que falam o poeta Nuno Júdice e o artista José Pedro Croft?

14 mar, 2015 • Maria João Costa


O “Ensaio Geral”, da Renascença, realizado ao vivo na Livraria Ferin, numa parceria com a Booktailors, juntou Nuno Júdice e José Pedro Croft.

Perante o público sentado na Livraria Ferin, em Lisboa, mas também aos ouvidos dos ouvintes da Renascença, o poeta Nuno Júdice surpreendeu o artista plástico José Pedro Croft com um convite para participar num futuro número da Revista “Colóquio Letras” que dirige. O momento inesperado marcou o “Ensaio Geral”, da Renascença, gravado ao vivo na Ferin, numa parceria com a Booktailors.

Numa conversa de trinta minutos, o poeta explicou a preguiça que sente quando escreve romances. Já o artista plástico falou do seu fascínio pela poesia. Nuno Júdice, que venceu recentemente o Prémio “Argana” de poesia em Marrocos, falou da sua arte poética como “uma actividade” que faz “desde sempre” e diz mesmo que “escrever um poema é um trabalho que faz parte da (sua) vida”.

Já José Pedro Croft explicou que não era bom aluno de desenho no tempo de liceu porque “o desenho passava sempre fora dos limites, borrava sempre. Era um desastre”, confessou.

O artista plástico que venceu em 2001 o Prémio Nacional de Arte Pública Tabaqueira e o Prémio EDP – Desenho diz que “o trabalho artístico tem outra lógica”.

No Ensaio Geral em que Nuno Júdice confirmou que haverá novo livro de poesia no final do ano editado pela D. Quixote, o poeta defendeu que “a literatura está habituada a ser diminuída e atacada” e defendeu que a “grande literatura é uma resistência, não no sentido político mas no sentido de lutar para manter esses grandes valores estéticos que vêm do passado”. Júdice foi mais longe e criticou a lógica de “best sellers” a que se assiste no plano editorial, falando mesmo na “literatura industrial que é um McDonald’s da cultura”.

Em desacordo, José Pedro Croft afirmou que “o trabalho da poesia e dos artistas é um trabalho de resistência política porque é um gesto afirmado publicamente que visa a construção de uma identidade da Polis”.

Também se falou sobre o ensino. Nuno Júdice manifestou preocupação quanto à “pseudo internacionalização do ensino com a ideia de que isso dá mais dinheiro ou que vai rentabilizar as universidades” que no seu entender põe de lado o português e a cultura portuguesa.

O poeta, que elogiou o trabalho de Nuno Crato à frente do Ministério da Educação, sublinha que “é fundamental lutar pela presença da literatura portuguesa no ensino universitário e secundário”.

Depois de entre a década de 80 e o inicio do século ter dirigido o Instituto Camões em Paris, Nuno Júdice abordou ainda a divulgação e o apoio à internacionalização da língua e da literatura portuguesas, considerando que estão reduzidos ao que os leitores de português fazem ou à iniciativa de editores e escritores. O poeta lamentou ainda que hoje o espaço do Camões na capital francesa esteja à venda.

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